Remember
Anchieta
* Por
Luís Augusto Cassas
Passeando
descalço - pulmões inflados -
por
estas praias solitárias do litoral
em
companhia de gente muito importante:
o
sol as ondas as dunas brisas coqueiros e gaivotas
(a
mais de 3.000 km da Praia de Iperoig;
a
418 anos da 1a. edição do poema
Da
Virgem Santa Maria Mãe de Deus)
às
vezes detenho-me na alva areia
e
com o indicador escrevo teu nome: Maria
Como
quem procura as tuas mãos
O
mar - exército de lavadeiras - vem e apaga
Escrevo
de novo: Maria
As
ondas vêm carregam a palavra
arremessam-na
contra os arrecifes:
teu
nome vira sal e espuma
4.172
vezes escrevo: Maria
4,172
vezes o mar vem e leva a areia
Ó
Editores do tempo! Pelas barbas de Gutemberg!
Ó
Anchieta! Apóstolo da Palavra!
Merecias
ser canonizado - Santo Santo Santo -
por
realizares o teu milagre maior: o da Poesia
Enquanto
eu - sem a proteção
de
Deus e da História
mercê
do mar da chuva e maus ventos
não
deixarei vestígio:
pedra
arremessada
alimento
de peixes
ou
fósforo apagado
na
memória
in
A Poesia Sou Eu, vol. 1 , p. 129
Este
poema consta no livro de Rubem Braga, 'A poesia é
necessária', com os melhores
poetas brasileiros de todos os tempos, pela Global Editora.
*
Poeta maranhense.
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