Cheiro de Homem
* Por
Ruth Barros
Uma amiga de Anabel apontou a
grande falha da camisinha, que de resto, nós todas concordamos, é
maravilhosa, entre outras coisas previne doenças e gravidez
indesejada: ela praticamente acaba com o cheiro da transa.
- E verdade, sexo entre outras
coisas é mistura de fluidos, de aromas, de suores. Como o esperma,
um dos grandes atores desse festival olfativo acaba sendo jogado fora
depois de ter ficado todo dentro da camisinha, ele não participa
mais da meleca. E é completamente diferente uma transa sem esse
cheiro, fica tudo muito mais antisséptico, mais sem graça –
justifica minha amiga, que é da geração pré Aids e continua
dominante na ativa, com o argumento de que “ainda tem muito para
dar”.
Sou obrigada a concordar com
ela, não no quesito de que ainda tem muito para dar, apesar de ser
totalmente a favor, mas no quesito cheiro. Quem é que nunca se pegou
na hora mais louca e inusitada lembrando do cheiro do amado ou, para
aumentar a dor de cotovelo, do cheiro do amor que se foi? Quantas
vezes a gente não está ocupada fazendo uma coisa completamente
diferente quando aquele cheiro, vindo sabe se lá de onde, entra
pelos sete buracos da nossa cabeça, bagunça todo o coreto e acaba
com qualquer tentativa de concentração?
A indústria da vaidade e
sedução, que tudo transforma em dinheiro, também percebeu esse
filão. De posse da informação de que entre os cinco sentido, a
mulher recorre mais ao tato e ao olfato, quando a questão é atração
sexual, as grandes maisons estão lançando perfumes masculinos que,
garantem, têm cheiro de homem.
Qualquer dúvida chequem o M7,
que reúne elementos raros como madeira de aloés, um afrodisíaco
que em sua forma pura custa mais caro do que ouro, mas já enchi os
olhos. Acontece que a Yves Saint Laurent, criadora do M7, criou
também uma imensa polêmica na época do lançamento (tem uns dois
anos mais ou menos) ao mostrar o campeão francês de tae-kown-do, o
tudo de bom Samuel de Cubber, em nu frontal. Só não deu para ser
mais feliz porque o principal veio coberto por uma tarja, a gente
sabe como são os jornais brasileiros...
Esses perfumes valem mais que
ouro. O M7 está por volta de R$ 240; o discreto e sensual Nemo, da
Cacharel, com cheiro de cedro e incenso fica em R$ 230; Donna Karan
lançou o Energizing, que mistura zimbro (é um tempero) com temperos
brancos frescos por R$ 170; Giorgio Armani saiu de Mania, com base em
almíscar, madeira e baunilha, por R$ 330 e Ralph Lauren caprichou no
Romance, com essência de madeira fresca, manjericão e flor de lis
selvagem (seja lá o que for isso) e no preço, R$ 340.
Anabel Serranegra está
ansiosa pelo segundo turno
* Maria Ruth de Moraes e
Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris,
em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava
Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na
Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi
assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário
da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o
pseudônimo de Anabel Serranegra.
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