Soneto
XXII
* Por
Francesco Petrarca
Se
amor não é qual é este sentimento?
Mas se é amor, por Deus, que coisa é a tal?
Se boa por que tem ação mortal?
Se má por que é tão doce o seu tormento?
Mas se é amor, por Deus, que coisa é a tal?
Se boa por que tem ação mortal?
Se má por que é tão doce o seu tormento?
Se
eu ardo por querer por que o lamento
Se sem querer o lamentar que val?
Ó viva morte, ó deleitoso mal,
Tanto podes sem meu consentimento.
Se sem querer o lamentar que val?
Ó viva morte, ó deleitoso mal,
Tanto podes sem meu consentimento.
E
se eu consinto sem razão pranteio.
A tão contrário vento em frágil barca,
Eu vou para o alto mar e sem governo.
A tão contrário vento em frágil barca,
Eu vou para o alto mar e sem governo.
É
tão grave de error, de ciência é parca
Que eu mesmo não sei bem o que anseio
E tremo em pleno estio e ardo no inverno.
Que eu mesmo não sei bem o que anseio
E tremo em pleno estio e ardo no inverno.
in “Poemas de amor de Petrarca”
*
Poeta
clássico italiano, considerado
o inventor do soneto.
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