sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

O garoto e eu


* Por Eduardo Oliveira Freire


O garoto corre pela casa, lutando com inimigos imaginados.

Eu luto com inimigos reais.

Os inimigos do menino são gigantes poderosos que quando destruídos se desfazem em pó encantado.

Os meus são homens como eu, mulheres, crianças idosos e doentes. Não viram pó mágico, seus corpos se amontoam nos destroços.

O garoto luta mano a mano com uma espada de plástico.

Eu estou a quilômetros de distância do campo de batalha. Só aperto o botão para acionar o bombardeio.

O garoto cresce e vai para guerra defender sua pátria. Sente-se vencedor.

Eu retorno derrotado e a culpa me consome.

O garoto e eu somos um só universo, juntos e misturados. Vencedor e perdedor, mocinho e vilão.

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/


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