quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

"Anjos da Floresta"


* Por Mara Narciso


O escultor Walmir Alexandre, eterna fonte de ideias e imagens, sacia regiamente a nossa fome do belo. Suas esculturas possuem estética que preenche nosso desejo de ir além das necessidades básicas, levando-nos ao estado mágico da contemplação, atitude um pouco esquecida, considerando-se o “tarefismo” e a pressa tão em moda. Uma inútil moda.

O que seria de nós sem a arte? No que depender de Walmir Alexandre, a teremos em profusão. Suas esculturas em argila, cobertas com tintas naturais agradam aos bons paladares. O artista acabou por mencionar a base essencial da sua criação, inspirada em grafismos e na Natureza, e que na verdade estava sendo gestada há meses, a partir de imagens separadas e cujo casamento frutificou em algo inspirado, raro e agradável.

Neste sábado, 10 de dezembro, o artista plástico abriu seu ateliê para mostrar a sua fase “Anjos da Floresta”, na qual aborda a cultura indígena e a sua rica estética. Para ele, as aves são as figuras mais puras da Terra e representam o eterno sonho humano de voar.

Partindo dessa ideia, somando-a com a imagem de crianças, Walmir Alexandre entrou numa nova fase criativa, fazendo surgir da argila o rosto de meninos cuja moldura facial são asas de aves silvestres de todo o território nacional e alhures, alcançando um efeito espetacular. Faz-nos imaginar anjos, os meninos alados, mas ele afirma que as aves é que são anjos.

As sete esculturas que fez estão ali expostas, exceto uma que foi vendida para fora. A escultura partiu, mas foi perenizada em foto. Assim, lá estão as seis restantes, belas pela força da imagem e do significado, enfeitando o mundo, seu principal efeito.

O escultor é assim um pouco mago, um pouco santo. Sua singeleza cativa à medida que manifesta seus vários dotes artísticos, pois esculpe, pinta e escreve prosa e poesia.

Se dizendo tímido, sonhador e místico, agora, com seu ateliê reformulado, Walmir Alexandre pode expor a sua arte forte e vigorosa, conquistando a crítica favorável e a sua devida valorização no mercado, que ainda não lhe fez justiça integral. Está aberta a caça às aves, mas apenas a imagem fica aprisionada. Os verdadeiros animais voam ao longe em perfeita liberdade. Esta é a sua fé.

OBS: Estou lendo aqui comentários técnicos sobre a arte de Walmir Alexandre, e os entendidos dizem que ele é ceramista, não escultor, como eu o chamei. Para mim, o fato de ele arrancar do barro essas faces maravilhosas, todas diferentes, é esculpir. E tenho dito.

*Médica endocrinologista, jornalista profissional, membro da Academia Feminina de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico, ambos de Montes Claros e autora do livro “Segurando a Hiperatividade”   


2 comentários:

  1. Bem esculpido texto, Doutora Mara. De parabéns você e o Walmir Alexandre.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada, Marcelo. Ando tentando escapulir de definições e classificações restritivas.

      Excluir