Tropa de bandidos
* Por
Vitor Orlando Gagliardo
- Bati!
E dessa forma, os
visitantes, Angelo e Magali, venceram mais uma partida de buraco de Paulo e
Juliana, os anfitriões. Já era uma tradição o carteado entre os amigos no
domingo à noite.
- Ouviram isso? –
perguntou Juliana.
O barulho aumenta. A
campainha toca. Os quatro assustados vão até a porta. Para a surpresa de todos,
havia dois carros da polícia e aproximadamente 40 pessoas aos berros.
- Quatro bandidos
entraram na sua casa. – disse Geraldina, a moradora mais antiga e fofoqueira da
rua.
Paulo e Juliana
residiam em um terreno com duas casas grandes. Moravam na da frente e deixavam
a dos fundos aberta nos finais de semana.
O policial intercedeu:
- Estamos na captura de
quatro elementos. Precisamos investigar seu domicílio.
Paulo sem entender nada
abriu a porta. Os policiais, eram cinco, entraram pelo corredor e viram marcas
de sangue no chão. A mancha ficou mais forte na porta da casa dos fundos.
- Se tiver alguém aí
dentro, vocês prometem que não os matarão aqui dentro? – perguntou Angelo.
- Fica tranqüilo,
patrão.
Três policiais entraram
e dois ficaram na porta fazendo guarda, na presença dos quatro amigos, ainda
atordoados.
Após dez minutos de um
silêncio quase sepulcral, saíram os policiais com os três bandidos algemados.
O número de pessoas na
rua havia dobrado. Quando viram os policiais trazendo os marginais começaram as
manifestações. Geraldina era uma das mais animadas.
- “Vamos acabar com
esses vagabundos” ou então “Viva a polícia!”.
Passado o trauma, os
quatro amigos foram limpar a casa dos fundos.
- Vou pegar a vassoura
e sabão – disse Juliana.
- Engraçado, não vi
ninguém machucado – estranhou Magali.
- Não disseram que eram
quatro bandidos? – questionou Angelo.
- Já acabou pessoal.
Vamos limpar logo essa sujeira e tentar esquecer isso – falou Paulo em tom
imperativo.
Os amigos se dividiram
pelos cômodos. De repente, um grito. Era Juliana. Todos foram ao seu encontro e
ficaram pálidos com a cena. Os policiais deixaram um dos bandidos na casa. E
ele tinha um corte profundo na perna direita.
Apontando uma arma para
os quatro e gemendo de dor, o bandido ordenou:
- Pelo amor de Deus, me
ajudem!
Já eram quase nove
horas da noite e chovia muito. O bandido pediu o telefone celular de Paulo emprestado
e ligou para um comparsa pedindo ajuda.
Por volta das onze, o
resgate chegou. Paulo e Angelo ajudaram o bandido colocando-o no carro.
- Estou deixando dois
sacos lá no quarto e amanhã venho pegá-los por volta das cinco da tarde.
Obrigado por tudo.
Angelo e Magali foram
para casa.
Paulo e Juliana
tentaram dormir. Não conseguiram.
Com uma pontualidade
britânica, a campainha tocou às cinco horas. O casal, que não foi trabalhar,
foi até a porta e tomou um grande susto. Junto com o bandido que ajudaram na
noite passada, estavam mais três – os mesmo que saíram de sua casa algemados.
- O que vocês três
fazem aqui? – indagou Paulo.
- Vocês sabem o que têm
dentro dos sacos?
- Não fazemos idéia.
Ao verificar os sacos,
o casal levou mais um susto – não o último do dia. Um estava cheio de munição
de revólver e dois celulares. A outra bolsa estava cheia de notas de cinqüenta
reais.
- Nessa bolsa tem cinco
mil reais. Como vocês acham que os três estão aqui e eu não fui preso ontem?
Paulo agora entendia
tudo. Os policiais demoraram a sair da casa, pois estavam negociando com o
líder do bando. Ainda por cima, enganaram a todos fazendo aquela cena. Paulo
sentia-se humilhado. Tinha ânsia de vômito.
- Já sabemos quem nos
entregou. Vamos cumprir nossa parte do acordo, pagando aos policiais o
combinado. Estaremos sempre pela área. Caso precisem de algo, basta nos chamar.
Paulo vomitou.
O casal com medo da
violência na cidade e sem saber em quem acreditar, procura uma casa no
interior.
Inutilia
truncat(1)
(1)
Acabe
com as inutilidades.
Obs.: Esse texto é
baseado em fatos reais.
*
Jornalista
Nenhum comentário:
Postar um comentário