sexta-feira, 23 de maio de 2014

Arcanjo Miguel

* Por Emanuel Medeiros Vieira

Para o meu irmão e amigo Chico (e para todos os meus amigos)

São as asas que aspiro: cumpro-me, Arcanjo Miguel.
És proteção.
Tua misericórdia – argila.

Guerreiro: nessas lidas,
nesta caminhada – breve sopro.

“São muitas a ciladas, Emanuel”, me advertes.
E como são tantas, Arcanjo!
(Perdoa a autopiedade.)

Anjo agregador, aplaca a ansiedade,
dissipa a névoa,
edifica a paz,
e não te esqueças de todos aqueles que não têm voz,
os escondidos, os pobrezinhos, os não-célebres, os humildes,
os tantos franciscos despojados.

Tanto me salvaste.
se não for pedir demais, continua a me salvar até a hora de atravessar a ponte.

Não quero ser mero pedaço – fragmentos que nada unificam,
Oferece a Luz da totalidade
(Pedi muito?)
Intercede, não permite que a vela se apague.

Assim sigo:
Blindai- me e aos que amo, meus irmãos, minhas irmãs, os lucas, as clarices, as célias, meus amigos – e guardai os tantos que já se foram.

És nossa couraça, Arcanjo.
Mede na ampulheta minha finitude: existirá o tempo?
Serei – quero ser.

Sinto o roçar de asas amadas

* Romancista, contista, novelista e poeta catarinense, residente em Brasília, autor de livros como “Olhos azuis – ao sul do efêmero”, “Cerrado desterro”, “Meus mortos caminham comigo nos domingos de verão”, “Metônia” e “O homem que não amava simpósios”, entre outros. 


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