sexta-feira, 30 de maio de 2014

Solidão e solidão

* Por Alberto Cohen

Quero de volta a solidão antiga,
que era arredia, mas se fez amiga
dos sobressaltos de fechar janela
para que o sol jamais tocasse nela,
trazendo uma esperança de sorriso.
E sendo amante e sócia construía
um mundo enorme de espaços pequenos,
aonde a multidão de muitos menos
tornava-se bem mais pela poesia.
Que serventia tem essa de agora,
que, arrogante, chegou quando vieste?
A solidão inútil que trouxeste
para expulsar a minha solidão
tão triste, mas com gosto de verdade,
tão velha que de mim tudo sabia,
tão livre que era a própria liberdade.

* Poeta e escritor paraense


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