segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Ou dá ou desce – I

* Por Fernando Barreto


Capítulo 1 - Clube da Esquina

- Se eu pudesse enfatizar o quanto é grande a minha mágoa, certamente ganharia o Nobel de Literatura! Qualquer pessoa que eu não tenha precisado conhecer pessoalmente, viva ou morta, é considerada por mim alguém com classe, só pelo fato de não ter aprontado nada comigo a ponto de me fazer tomar conhecimento de sua existência. Nada é mais importante pra mim do que privacidade e um certo isolamento. O que vem em primeiro lugar não é a família, nem Deus e nem a maioria das outras coisas que as pessoas insistem em estabelecer como prioritárias. Eu não acredito em nada dessas merdas. Jogue mais água da torneira no feijão da humanidade e você também será Deus. Beber sozinho é coisa de alcoólatra? Eu gosto de beber sozinho, e tenho a plena convicção de que um grupo de bêbados é algo muito mais nocivo. Sua irmã é carente de atenção e foi convencida de que perder para a bebida a atenção de alguém é uma derrota insuportável. Eu estou apenas fazendo um comentário sobre uma situação que você me viu passar, caso contrário eu não tocaria no assunto e não é só porque ela é sua irmã. Eu não tenho irmã mas é fácil imaginar-se tendo uma. E o Braga? Sei que você não teve culpa, mas eu o conheci através de você. O que eu fiz pra ter como encosto um agitador cultural universitário? Ele trabalha aqui do lado de casa, vive colando lá de surpresa. Em dias de semana às vezes eu deixo o porteiro do meu prédio avisado para que diga ao Braga que eu não estou. Algumas vezes fui pego de surpresa encontrando-o quando eu entrava ou saía do prédio em momentos em que eu já havia esquecido que ele existia. Seus amigos me chamam de burguês, mas morando aqui não se tem qualquer privacidade. É um foco de vulnerabilidade coletiva. A falta de privacidade só favorece gentalha –foi o que disse Brito para Galvão.

(Brito disse isso porque ouviu de Vânia, irmã de Galvão, que quem gosta de beber sozinho é alcoólatra. Isso foi num domingo à tarde em que a garota apareceu de surpresa em seu apartamento quando Brito dormia. Sobre Vânia, uma belíssima mulata de 26 anos, falaremos um pouco mais adiante e também sobre o que há por trás dessa trama infeliz e bem brasileira).

- O problema mesmo é com a minha irmã. É uma ribeirinha sem classe e só quem tem irmã sabe o quanto é difícil ter que falar uma coisa dessas. Infelizmente eu vi que ela causou um desgaste gratuito na sua vida, mas você há de convir que isso já passou. Quanto ao Braga, eu não posso fazer nada. Você chegou à minha procura, ele estava lá e não havia como prevenir o encontro de vocês. Eu dou umas duras nele por muito menos do que as razões que você tem para fazer o mesmo. Se eu fosse dar uma de legal com ele, aquele paquito montaria. Se ele surgisse na minha casa eu o mandaria embora tranquilamente. Ele compra minha maconha toda semana, mas quer companhia também, porque é muito carente de atenção. Não é exatamente um mau sujeito, você sabe. Pode se tornar inconveniente se não for alertado e a minha chateação com ele se deve ao fato de eu apenas não ter vontade de tê-lo por perto. Não acho que isso seja crueldade – respondeu Galvão.
- É meio atrevido mesmo, mas o que me irrita é o fato dele ser um sambista indie. Duas coisas me irritam de uma maneira insuportável. Uma delas é quando ouço algum velho brasileiro ridículo falar que gostava de rock quando era jovem. Eles nunca dizem o porquê de terem desistido, ou a razão que os fizeram mudar o gosto musical. Será que obrigatoriamente eles precisam ouvir bossa nova quando destroçam os outros setores de suas vidas? Será que era só a dificuldade em conseguir informações culturais vindas de outros países? Esses velhos são zumbis, almas mortas em corpos flácidos. Seus sonhos eram equivocados e foram esmagados um a um. A outra coisa que me irrita demais são esses sambistas indies jovens que acham bonito dizer que ouvem o Cartola, mas que na verdade gostam dessa nova geração de sambistas jovens de apartamento, cheios de cuidados com o barulho que pode incomodar os vizinhos em suas tumbas. Gostam de dizer que ouvem Sonic Youth e Adoniran para parecerem 'ecléticos'. Por essa e por outras, eu não tenho qualquer respeito por isso que chamam de viver em sociedade. Tem gente que sofre mais do que eu do ponto de vista material, mas eu sei que quando tivermos que reiniciar o modo de vida nesse planeta como se reinicia o funcionamento de um computador, todos seremos afetados de alguma forma – disse Brito.
- Eu também penso nesse tipo de coisa, mas não tenho esperanças de que esse dia chegue logo. Queria muito que acontecesse algo, mas não fico esperando tanto por isso. Seria um otimismo exagerado achar que ainda serei jovem quando esse dia chegar. E pior ainda seria a frustração em cada amanhecer antes desse dia chegar. Seria uma espera muito corrosiva. se é isso que nós temos, vamos de cabeça. Requer culhões, mas é preciso combinar o cabelo com a estrada e olhar pra frente! – disse Galvão.
- Eu não espero muito da vida. Quanto menos se espera dela, menos se tem a perder. A vida é como uma arara. Pode ser muito bonita, mas pode cagar na sua cabeça bem naquelas horas em que tudo parecia estar dando certo. Eu me sentia melhor quando era ingênuo o bastante pra ver alguma grandeza ou alguma virtude nos outros, ou pelo menos imaginá-la, mesmo que essa grandeza ou essa virtude não existisse. Sinceramente eu acho que sou um benfeitor de uma certa maneira, porque eu nunca apoiei nenhuma lesadice que me parecesse ridícula demais pra merecer o meu envolvimento. Hoje em dia gosto do fato de isso ter sido intuitivo, pois me acontece desde os tempos em que tenho as mais remotas lembranças da minha infância, os primeiros tempos na escola, algumas coisas que aconteciam na minha casa que pareciam bizarras mesmo pra um moleque muito pequeno. Minha família é bisonha. Eu já tenho 38 anos e me lembro de que quando meu pai tinha 48 era a antítese de tudo o que eu podia esperar da vida. Nessa época eu tinha 15. Eu sabia que não podia convencê-lo a mudar e sabia que a qualquer custo eu seria outro tipo de pessoa. E ele tinha 10 anos a mais do que eu tenho hoje... Infelizmente me ensinavam que se as contas da casa fossem pagas em dia você poderia fazer o que quisesse. Isso sempre me abalou profundamente. É claro que eu fazia ao contrário tudo o que me recomendavam, tanto em casa como na escola. Uma vez num show do Quiot Riot quando eu era adolescente, vi um professor jovem da minha época de segundo grau com uma camiseta branca em que letras pretas de forma diziam 'viver é um problema' e essa é uma das poucas lembranças relevantes que tenho da época da escola. Meus pais nunca foram discretos como poderiam e deveriam ser. Teríamos uma qualidade de vida muito melhor se eles se preservassem. Para eles a única obrigação dos pais é pagar as contas de casa e mandar os filhos pra escola. Gente assim deveria ser capada antes que pudesse ter filhos. Se eu tivesse seguido um por cento do que eles recomendavam, teria uma vida ainda mais difícil. Eu sei que você acha que a minha vida é sossegada, mas se um dia eu fosse escrever um livro sobre família, todos que lessem iam pensar que eu estou forçando. Sou totalmente descrente nos valores familiares desde criança, porque sabia desde então que se aquilo que era pregado por eles era o certo, eu teria que ao menos não me envolver. E se tivesse alguma força, teria que me rebelar – disse Brito.
- Se você fosse um pobre fodido com a família cheia de alcoólatras e nóias, aí talvez você tivesse mais noção de onde as coisas podem chegar. Aprender alguma coisa sobre a vida pode significar que está tarde demais pra lidar com a situação e quando se é pobre de verdade a coisa fica triste.. A minha família é pobre, cheia de primos e tios vagabundos, bêbados e eternamente desempregados. Tenho também dois primos que mergulharam de cabeça no crack. Um já morreu de tanto fumar pedra e o outro está devastando o que sobrou da família. Quando eu estava começando a ficar bastante preocupado com o que viria depois, aconteceu aquela desgraça com a minha mãe. Eu não queria ficar te dizendo que você é um playboy que vive com conforto e tempo de sobra pra reclamar, mas convenhamos, meu caro... – disse Galvão. (A mãe de Galvão foi morta ao ser atropelada no calçadão da Rua XV de Novembro, no centro de São Paulo, por uma daquelas bicicletas descontroladas que carregam galões de água. O sujeito perdeu o freio quase na esquina com a Rua Direita, de onde a mãe de Galvão apareceu, às sete e meia da manhã, quando o caos já estava instalado no centro de São Paulo, no início de mais um dia na cidade. O pai de Galvão havia morrido 4 meses antes, de complicações da diabetes, que foi agravada pelo alcoolismo).


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Sérgio Galvão era aos 23 anos um jovem e divertido mulato que tomava conta dos carros estacionados numa ponte localizada na região da Avenida Paulista, mais exatamente atrás do Masp. Essa ponte naturalmente está lá até hoje e passa por cima da Avenida Nove de Julho. Quem a atravessava seguindo o fluxo dos carros tinha o Masp à esquerda e acima, e a Avenida 9 de Julho à direita e abaixo. Os carros estacionados ali são geralmente de pessoas que visitam os pacientes do Hospital Nove de Julho ou que trabalhavam na região.

Dono de um sorriso matreiro e uma ginga compassada, Galvão deslocava-se tranquilamente por entre os carros que paravam para estacionar sobre a ponte das segundas às sextas, quando cumprimentava cordial e alegremente cada um dos condutores que parassem ali. Era figura fácil também nos bares da Bela Vista quando escurecia. Vivia com a irmã Vãnia numa quitinete na Praça 14 Bis.

Em alguns aspectos Galvão era invejado por José Ronaldo Brito, de 38 anos, que para alguns tinha tudo para ser feliz mas vivia insatisfeito.

Brito tinha uma bússola moral própria. Era um tipo de playboy da Bela Vista, alguns traços de descendência árabe misturada à descendência de diferentes povos europeus. Tinha um metro e setenta e sete de altura, pouca tendência para aumentar seus 75 quilos, cabelo castanho escuro, grosso e sem sinais de calvície. A barba cerrada era feita duas vezes por semana, de modo que estava quase sempre com a barba por fazer. Seus pais viviam de renda. Não eram exatamente ricos, mas a família tinha dois bons apartamentos no mesmo prédio, na Alameda Rio Claro, a menos de 200 metros da Avenida Paulista. O pai de Brito havia herdado de um tio um grande terreno em Vinhedo e o vendeu para a construção de um condomínio, e com esse dinheiro conseguiu comprar mais um apartamento no prédio onde viviam e deixar o restante rendendo. Brito era um solitário convicto e procurava não ser extravagante. Dirigia um Corsa vermelho de 2005, sem opcionais.

Cada andar desse prédio em que viviam em São Paulo tinha dois apartamentos, sendo que um deles era frontal e virado para a Alameda Rio Claro e o outro virado para a Rua Pamplona. Os dois apartamentos da família de Brito eram no último andar, sendo o de Brito o apartamento frontal e o de seus pais o apartamento virado para os fundos. Na prática a coisa funcionava como se Brito e os pais vivessem na mesma casa, mas com Brito ocupando o quarto mais espaçoso. Naquele momento as relações familiares entre os Britos eram tranquilas, mas muitos atritos tinham ocorrido nos anos anteriores, especialmente quando a família ocupava somente um dos apartamentos, antes da venda do terreno no interior.

"Aqui na Bela Vista só tem gentalha. Essa gente não tem classe nehuma" – era o que Brito nunca deixava de repetir a cada vez que entrava ou saía de seu prédio, estivesse ele sozinho ou acompanhado. Outra frase frequentemente repetida por Brito quando as coisas não aconteciam do jeito que ele achava conveniente era 'Esse planeta está todo cagado!'.

Seu pai havia exercido um mandato de síndico, fato que gerou ásperos atritos entre ambos naquele período e nos primeiros meses da gestão do síndico que assumiu posteriormente, pois Brito alegava que a privacidade da família fora prejudicada para sempre desde então. Queixava-se de sua privacidade individual, alegando que seu apartamento era nada mais do que a extensão do apartamento de seus pais. Para ele, era na verdade como se fosse um bom quarto na mesma casa dos pais, e não uma unidade domiciliar independente. Queixava-se do fato de os outros moradores cobrarem dele sobre atitudes e gastos efetuados por seu pai no período em que este foi síndico.

Brito comprava uma maconha de boa qualidade fornecida por Galvão e passava suas tardes de chinelo em sua sacada, olhando de cima a antiga propriedade da família Matarazzo, localizada à frente de seu prédio, onde já funcionou um hospital e onde vez ou outra se agrupam mendigos da Bela Vista, até que fossem obrigados a dispersar. Um pouco mais adiante via-se a Avenida 9 de Julho. Brito ficava olhando, ouvindo música e fumando maconha.

Brito e Galvão eram amigos, mas como é de se supor, havia entre eles uma barreira invisível e quase intransponível que tinha como base a obsessão de Brito por isolamento e privacidade. Galvão sabia muito mais sobre Brito do que o contrário.

Conheceram-se num jogo do Juventus no estádio da Rua Javari, na Mooca em 2008. Tinham em comum a paixão pelo futebol das antigas e não suportavam a modernização do esporte como ela estava acontecendo. Toda a magia do semiamadorismo estava acabada para sempre. Gostavam de ver o jogo do alambrado, cuspindo nos bandeirinhas. Os jogos do Juventus sempre foram notórios pela presença de um público pequeno e antes de um jogo, na fila da bilheteria começaram a conversar quando Galvão soube conhecer aquele sujeito da Bela Vista. Parecia suficientemente amigável e então começaram a conversar e descobriram que eram mesmo vizinhos.


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A vida material de Brito era tão cômoda para os padrões normais da sociedade brasileira que até mesmo os problemas mais simples do cotidiano o perturbavam de tal modo que ele pensava haver uma conspiração contra ele, principalmente por parte de seus pais. O local onde moravam era caracterizado pela incessante valorização imobiliária, mas por outro lado havia ali uma altíssima densidade demográfica.

Brito exercitava-se fazendo barras e flexões dentro do apartamento, e considerava um sacrifício sair dali, fosse qual fosse a razão para essa necessidade. Geralmente era para buscar maconha com Galvão, e descia de chinelo, olhava as feições desalmadas das pessoas que andavam na região da Avenida Paulista, e isso o entristecia profundamente. Brito vivia imerso naquele sentimento contemporâneo de que o mundo acabaria logo e que todos à sua volta estavam fazendo um papel ridículo. Ele não sentia pena do povo e não sentia qualquer tipo de culpa por ter alguma tranquilidade na vida. Até porque o próprio Brito temperava essa tranquilidade com algum drama que ele imprimia à sua vida, estando sempre insatisfeito. Vivia enfatizando que sua tranquilidade se resumia ao campo material. E não chegava nem ao menos a ser rico, o que o limitava em algumas empreitadas, especialmente na área artística. Apenas não precisava sair para trabalhar. Precisava não ir à falência, precisava cuidar do patrimônio, e isso ele fazia. Ali onde morava ele se queixava do excesso de gente. Se estivesse numa fazenda, reclamaria de tédio e dos caipiras que habitassem o local.

Às vezes ao voltar para casa depois de comprar sua maconha, punha-se a pensar como seria a vida de Galvão quando ele não estava nas redondezas. Brito pensava nisso porque sentia que sua vida era um livro aberto para as pessoas da vizinhança, ainda que não achasse que isso fosse positivo e na tentativa de preservar como segredo alguns detalhes de sua vida, ele se afastava da realidade dessas pessoas fisicamente próximas. Para Brito isso era muito bom na maior parte do tempo.

E se o porteiro de seu prédio morasse num barraco não rebocado numa área ameaçada por deslizamentos? E todas as outras pessoas com as vidas destroçadas pela pobreza, pela ignorância e pela má distribuição, que sentiam cada segundo passar enquanto Brito ouvia rock alternativo e vadiava? Será que existia mesmo a tal 'pobreza digna' de que tanto ouvia falar? Independente disso, sua vida também era quase insuportável, embora ele não quisesse outra. As propagandas de margarina eram mesmo uma farsa. Brito pensava e pensava e pensava e concluía todos os dias que aprender alguma coisa com a vida significa que é tarde demais para lidar com a nova informação.

E fosse como fosse, ao longo da semana lá estava Galvão, sempre sorrindo, guardando carros, vendendo sua maconha cheirosa e caminhando sobre a ponte, com fones nos ouvidos, ouvindo Sly and the Family Stone, ou Funkadelic, ou Parliament, e sempre caminhava gingando no compasso da música.

- Galvão, você sabia que o Sly Stone está morando no carro dele? Perdeu a fortuna, a casa, os direitos autorais sobre as músicas e está com quase 70 anos... - disse Brito quando foi buscar fumo com Galvão.
- Pois é... eu também sou preto e sei o que nós passamos. Ele é de outra geração, é de outro país, é muito mais famoso que eu e ainda assim sofremos de alguma forma com o maldito preconceito – disse Galvão.
- Você tem sofrido muito preconceito? – perguntou Brito.
- Não é toda hora, porque hoje tento não me expor mais do que o necessário, mas saí da escola porque fui avacalhado por uma professora racista. Eu não era muito estudioso e não conseguia ficar muito tempo parado num banco escolar e numa prova eu estava com pressa de ir jogar bola e queria terminar logo. Perguntavam quem havia descoberto o avião e eu respondi que tinha sido Carlos Drummond de Andrade ao invés de responder Santos Dumont. Na semana seguinte a professora disse na frente de todos, a maioria brancos, que meu cérebro provavelmente estava tão chamuscado quanto a minha pele = disse Galvão.
- Não há um só dia em que eu não sinta vergonha da minha condição de humano. Se eu fosse a um médico possivelmente eu seria diagnosticado como um depressivo. Mas não me sinto exatamente assim. Assumo minha bipolaridade; quando as coisas dão certo, fico de bom humor, e quando dá tudo errado, fico deprimido. Os homens grandiosos da história também estiveram sujeitos à condição humana. Muitas vezes bebiam, fumavam, se drogavam, mentiam, eram sexistas, mas souberam intervir de maneira coerente nos contextos de suas épocas. O mundo sempre foi uma merda. Isso não é uma novidade dos nossos tempos – disse Brito.

Leia o segundo capítulo deste conto na edição de amanhã.

• Escritor

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