domingo, 26 de agosto de 2012

Formigas urbanas no metrô

* Por Sônia Pillon

Vruuuuuum, uóóóóóóóóó, bi-bi, bi-bi, bi-bi... O trânsito em São Paulo é mesmo uma loucura! O andar apressado e os rostos tensos comprovam que o tempo é curto para tudo o que se pretende fazer.... Por sinal, quantas vezes você já ouviu que o dia deveria ter mais que 24 horas para encaixar a nossa agenda?...

O semáforo abre para os pedestres passarem. Eles correm de um lado para o outro, sob o olhar impaciente dos que estão ao volante. As duas frentes humanas se encontram. Quando se esbarram, não existe preocupação em pedir desculpas. É preciso seguir em frente...

Executivos, estudantes, donas de casa, mães carregando ou segurando os filhos pela mão, mendigos, pedintes, desocupados... Todos dividem o pequeno espaço da calçada. Mal se olham. Para que perder tempo se o relógio continua andando?...

Uns falam apressadamente ao celular, enquanto outros, sentados à espera do ônibus, enviam mensagens de texto.

A descida para o metrô precisa ser rápida. O trem subterrâneo para por poucos segundos e ninguém quer ficar de fora. Formigas urbanas no metrô... E corra se quiser uma vaga para sentar! Ser idoso, por exemplo, nem sempre é garantia de que terá a preferência... Ah, e cuidado com a faixa amarela! Cuidado para não prender os pés no embarque ou desembarque! Cuidado com as bolsas e mochilas, porque os amigos do alheio não descansam...

Fique atento à voz que informa sobre qual é a estação seguinte e de que lado da porta deve desembarcar. Se apresse, porque pedir licença também não é garantia de que vão deixar você passar...

Enquanto tento me equilibrar de pé com a mochila e a mala, rumo à estação Tietê, uma estranha e grossa fumaça começa a subir rapidamente do lado direito. As pessoas se assustam. Uma mulher grita: “Olha só isso, esse vagão pode explodir!”. Foi o que bastou. Quando a porta se abriu, muitos se precipitaram para a saída, empurrando e pisando nos pés uns dos outros. Mesmo com o peso da bagagem, corri para a porta e pulei, arrastando a mala e cuidando para não ser atropelada pela massa desesperada. Por sorte, ninguém caiu, porque as portas se fecharam rapidamente...

Lá fora, pavor total. O ambiente estava impregnado por um cheiro tóxico que lembrava pneu queimado. Alguns passaram mal. Pouco depois aparece um segurança e explica que o problema ocorreu em uma das rodas do trem, que travou e provocou um atrito: “Estão consertando na estação da Sé. Agora está tudo sob controle”. Ufa!

Vem o vagão seguinte e embarco. A fumaça tóxica está impregnada em tudo, até nas narinas...

Estação Tietê chegou e desembarco. Alívio... Cheguei a tempo de pegar o ônibus de volta para Jaraguá do Sul.

• Sônia Pillon é jornalista e escritora, nascida em Porto Alegre (RS) e radicada em Jaraguá do Sul (SC), Brasil, desde outubro de 1996.

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