domingo, 5 de fevereiro de 2012







Eu sou um cavalo de carne

* Por José Paulo Lanyi

Carrego uma...
Duas...
Três...
Quatro...
(“Isso é literatura? Ohhhhhhhhhhh!!!!!!!”)
Cinco...
Seis...
(“Que imbecil! Acha que sabe escrever! Ohhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!”)
Sete...
Oito...
Nove...
Onze...
Dezesseis...
Carrego uma porrada de sentimentos que exprimem...
Um...
Dois...
Três...
Quatro...
Nove mililitros de insatisfação.
(“Oh!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Será que ele quer dizer que está bêbado?????”)
Tanto faz, Mané...
(“Mané???? Que coisa medíocre!!! Ele fala como um punkeiro, ou como um mano da Zona Leste!”)
E daí, pergunto eu?
Eu, o punkeiro, você, todos os átomos da existência estão fadados ao...
Ao...
Ao...
Ao...
Tchararan-tcharan-tcharan
Tchararan-tcharan-tcharan
(Ei, depois do Ctrl C, Ctrl V, qualquer um pode ser um poeta milimétrico...)
Quer saber?
Danem-se os poetas!!!!!!
Eu acho os poetas um esnobes
Uns superficiais
Que ficam achando “imagens”, “sutilezas”... coisa e tal...
Danem-se as [Ctrl C, Ctrl V] “imagens”, “sutilezas”... coisa e tal...
“Ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!”
[Mais um]
“Ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!”
[Isso foi depois de um Ctrl C, Ctrl V do Ctrl C, Ctrl V]:
“Ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!”
(Pode contar os H[s] dos Ohhhs, vai notar que estão todos lá...)
Porra!, nunca pus agás entre colchetes
Tchararan-tcharan-tcharan
Tchararan-tcharan-tcharan
Vejam, vejam todos:
Tchararan-tcharan-tcharan
Tchararan-tcharan-tcharan
Pode ver, é tudo igualzinho!
(Parêntesis)
Outro dia eu li um comentário aqui no Comunique-se...
Era um cara (sim, para mim todo mundo é um cara, sou tosco)
Pois bem, era um cara que dizia que literatura de verdade não podia ter um ar coloquial
Ele disse isso com o jeitão pouco coloquial dele
Bom, o que direi eu?
Que a literatura mudou, meu velho
Se escrever como um mastodonte, será lido por mastodontes
E isso aqui é Internet
Bom, tanto faz, azar o dele
Porque o cara que escreve bem escreve de qualquer jeito
Mas está na hora de alguém parar de torrar o saco dos outros
Mesmo que considere isto, (Ctrl C, Ctrl V) “torrar o saco dos outros”,
Um pensamento pré-socrático, algo subjetivo, uma espécie de capô do seu carro com tatuagem
Nada mais subjetivo que um capô do seu carro com tatuagem...
Eu dizia que
Carrego uma porrada de sentimentos que exprimem...
...A deserção absoluta do controle da minha felicidade
Estou fadado ao pelotão de fuzilamento
Não sei se duro três passos
A venda não me deixa enxergar
(Pausa)
O cavalo de carne...
...É um cavalo de carne que carrega um monte de sentimentos que exprimem
... Um tanto faz...
... Uma revolta, cara, contra uma vida que passa muito rápido
Sem que saiba por que nascemos...
Sofremos e morremos...
Sem que saiba se vamos ter a sorte de chorar...
Antes mesmo de lacrarem o nosso caixão
Chorar na morte, chorar lá do outro lado...
Um cavalo de carne que anda até...
...Virar mortadela no meio do caminho
[Atenção, tirei esta conclusão de um livro de tarô:)
“O que só um ignorante pode achar engraçado”

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Acabou, clique em outro link e seja feliz.

(*) Jornalista, escritor e dramaturgo, autor do romance "Calixto-Azar de Quem Votou em Mim", do romance cênico (gênero que criou) "Deus me Disse que não Existe", da peça "Quando Dorme o Vilarejo" (Prêmio Vladimir Herzog) e da coletânea “Teatro de José Paulo Lanyi e Outros Loucos” (no prelo), todos da editora O Artífice. Trabalha com o músico paulistano Flávio Villar Fernandes, com quem compôs a trilha “Invernada Op1 N1” e a sinfonia Atlântica.

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