quinta-feira, 16 de setembro de 2010







Pontes

* Por Pedro J. Bondaczuk


Minha vida tem sido uma busca
por justiça e pela criação
de liames, de pontes concretas
que liguem o real ao ideal.

Constante pesquisa do que sou,
de olho no que possa vir a ser,
sem pensar no que esperam de mim.

Muitas vezes perco-me em vazios,
fico sem ter referenciais
e ao tentar livrar-me do atoleiro
vacilo e atolo-me mais e mais.

Sob os pés que trilham este trecho
esquecido e singular do tempo,
abrem-se fundas, famintas valas,
perdem-se esperanças e crenças.

Mas volto a lançar pontes de barro,
renovo com freqüência o alento
e, munido de exemplar paciência,
disponho-me a recomeçar.

E os dias, com suas circunstâncias,
macetes e peculiaridades,
as horas, passageiras fugazes,
as muitas ausências e distâncias,
são valas escuras e profundas,
famintas, insaciáveis gargantas.
Hienas famélicas e vorazes,
encurvadas, sempre a gargalhar
dos meus tolos sonhos infantis:
devoram toda e cada esperança
nova. Forçam a me renovar.

Não houvesse você, alma gêmea,
que partilha ilusão e a vida,
sonhos, sorte, azar e destino,
fé e tudo o quanto ainda sou;
não houvesse você, companheira,
que segue através do meu caminho
repisando os rastros dos meus passos,
e jamais eu lançaria pontes
sobre abismos e valas profundos
e ao invés de apenas meus desejos
eles destruiriam meu ser.

Vem para meus braços, doce amada.
Sinta...Sinta o mudo desespero
que vibra na fragílima carne.
Sinta...Sinta na sua estrutura
minha virilidade, euforia,
meu carnal e instintivo amor.
Acolhe neste seu ventre fértil
sementes sagradas do amanhã.
Faça gerar em suas entranhas,
para lançar sobre o fundo abismo
a nossa concretíssima ponte
entre o efêmero humano e Deus.

*Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance Fatal” (contos) e “Cronos & Narciso” (crônicas). Blog “O Escrevinhador” –
http://pedrobondaczuk.blogspot.com



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O que comprar:

Cronos e Narciso (crônicas, Editora Barauna, 110 páginas) – “Nessa época do eterno presente, em que tudo é reduzido à exaustão dos momentos, este livro de Pedro J. Bondaczuk reaviva a fome de transcendência! (Nei Duclós, escritor e jornalista).

Lance fatal (contos, Editora Barauna, 73 páginas) – Um lance, uma única e solitária jogada, pode decidir uma partida e até um campeonato, uma Copa do Mundo. Assim como no jogo – seja de futebol ou de qualquer outro esporte), uma determinada ação, dependendo das circunstâncias, decide uma vida. Esta é a mensagem implícita nos quatro instigantes contos de Pedro J. Bondaczuk neste pequeno grande livro.

Como comprar:

Pela internet
WWW.editorabarauna.com.br – Acessar o link “Como comprar” e seguir as instruções.
Em livraria – Em qualquer loja da rede de livrarias Cultura espalhadas pelo País.



3 comentários:

  1. Linda poesia..
    Feliz aquele que partilha seus sonhos
    e poesias.
    Parabéns Pedro.
    Abraços

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  2. "(...)Não houvesse você, alma gêmea,
    que partilha ilusão e a vida,
    sonhos, sorte, azar e destino,
    fé e tudo o quanto ainda sou;
    não houvesse você, companheira,
    que segue através do meu caminho..."
    Pedro percebe e entende os sentidos e os sentimentos, e ele segue o caminho através da
    ponte do amor.
    Parabéns, Pedro!
    Abração

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  3. Embate entre o tímido e frágil, e o encontro com a explosão e o poderoso. A conexão foi feita por ninguém menos que Deus. E o final equilibrou-se entre o súbito e o surpreendente.

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