quinta-feira, 23 de setembro de 2010




À proa

* Por Suzana Vargas

Eu tenho insistido em poucas coisas
e desistido de muitas.
No barco, o leme se perde,
eu e meu quepe distraídos,
sombra e olho fixos no mar
Quase tudo é movimento de suspense:
lápis parado no ar.
Positivos, fatais,
os círculos se fecham
Mas eu não.
Fico imóvel a emitir as ondas magnéticas
do que está por vir.
E o futuro de todos
me atinge como um raio:
este ama,
aquele ali dá aulas
uma lá tem filhos
EU
estou
entre fechar os livros
no meio da lição,
ou prosseguir mirando o livro
como um barco
num mar
imprecisão



* Poetisa gaúcha, radicada no Rio de Janeiro, autora de literatura infantil e ensaísta. Tem 16 livros publicados, entre os quais “Sombras chinesas” , “Caderno de Outono” (indicado ao Prêmio Jabuti) e “O amor é vermelho”.

Um comentário:

  1. Seria tão mais prático se tudo fosse preto ou
    branco, mas há variações de cores.
    Que o vento soprasse em uma só direção, mas ele
    nos tira do eixo.
    Que tudo fosse reto e sem atalhos ou esquinas...
    Tudo é impreciso e nós no meio disso.
    Linda poesia
    Abraços

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