quinta-feira, 30 de setembro de 2010




O vazio mais cheio

* Por Fernando Yanmar Narciso



Carpe diem. Aproveite a vida, viva intensamente, é o que todos dizem. Namore, case-se, tenha uma casinha no campo, crie uns três filhos, tenha um cachorro, um gato, um papagaio e um peixinho dourado. Vá ao bar, à boate, ao clube, ao teatro, ao parque, vá para qualquer lugar, só não fique em casa!
Faça com que se lembrem do seu nome, ganhe muito dinheiro, sempre se vista bem, mantenha os dentes brancos e o cabelo bem penteado. Compre um terno, o carro do ano, corra de moto sem capacete, os cabelos lutando contra o vento e óculos escuros refletindo o sol. Acumule bens! Compre! Compre! Compre!
Esses são os clichês que todos engolimos como “as chaves da felicidade”, que supostamente dariam sentido à vida de qualquer pessoa. Mas, no fim das contas, quando todos nós formos agraciados com o nobre título de fertilizante, qual terá sido o sentido de tudo isso?
De que terá valido acumular riquezas, respeito, fama e paixões se não dá pra levar nada disso pro post-mortem? Há quem estipule em testamento que quer ser enterrado com seu dinheiro ou alguma posse mais estimada, na esperança de poder usufruir deles no além, mas o que esperam conseguir com essa atitude, além de ficar com fama de avarento?
O tempo dos faraós já passou, e já que todos estaremos no mesmo lugar em alguns anos, não haverá diferença alguma se você foi o rei da festa ou a epítome do anti-social quando vivo.

* Fernando Yanmar Narciso, 26 anos, formado em Design, filho de Mara Narciso, escritor do blog “O Blog do Yanmar”, http://fernandoyanmar.wordpress.com

4 comentários:

  1. Bens duráveis não são experiências duráveis, mas o dinheiro possibilita vivenciar momentos que marcam. A vida é isso, sim. Antes de fertilizar a terra, deixemos que uma vida boa nos tire o fôlego. Antes dos neurônios se esfacelarem, que passem por sensações únicas, que possam conter algo como um chipe com o resumo da vida levada.

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  2. Não sou uma pessoa ambiciosa e tampouco
    desejo ser unanimidade. Sei que os meus dias
    nessa terra tem prazo de validade mas quando
    se lembrarem de mim, que seja com saudades...
    Abração Fernando

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Texto ágil, dinâmico, acho que essa é sua marca! Não existe pauta para a vida, uma regra, embora as pessoas insistam em rótulos e estereótipos.
    Cada qual encontra sua forma de viver bem. Alguns se apegam aos bens materiais, aos excessos, outros preferem uma vida mais pacata, alguns são quase misantropos.
    Seja como for, o importante é cada um estar bem com sua própria consciência. Abraço!

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