quarta-feira, 29 de setembro de 2010


Apostas sobre o Nobel de 2010

C
aros leitores, boa tarde.

As casas de apostas da Europa, notadamente as da Inglaterra – que são as mais famosas do mundo – aceitam apostas de quase tudo, tanto de modalidades esportivas as mais diversas, quanto versando sobre eleições, casamentos de celebridades, separações de casais e vai por aí afora. Na terra da rainha e em especial em Londres aposta-se em tudo: em quem será o campeão da Premier League, quem vencerá a Copa da Uefa, o vencedor da corrida de cães e vai por aí afora. Essas casas servem, portanto, de bons indicativos de tendências.
Nem sempre os favoritos são os ganhadores. Isso ocorre desde que surgiram as apostas, sabe-se lá quando e onde. Aliás, gostoso é acertar as “zebras”. Nesse caso, o prêmio ascende aos milhões, quando não aos bilhões e não a algumas reles libras esterlinas.
E o que tudo isso tem a ver com Literatura? Objetivamente, nada. Mas serve-me como excelente gancho para tratar do Prêmio Nobel de Literatura de 2010. A Academia de Estocolmo mantém os nomes não somente dos favoritos, como até dos candidatos, sob o mais rigoroso sigilo. Uma vez ou outra, alguns dos indicados acabam sendo conhecidos por jornalistas, via de regra casualmente. Há os que arriscam palpites, mas quase nunca acertam.
Quem mais se aproxima dos favoritos (e dos indicados), quase sempre, são, mesmo, as casas de apostas londrinas. Para os apostadores da Ladbrokes, quem deve ficar com o Nobel de Literatura deste ano será um sueco, de 79 anos, fartamente conhecido na Europa, mas praticamente ilustre desconhecido no Brasil. Trata-se de Tomas Transtromer. Sua cotação atual é de 5 para um. Ou seja, caso seja, de fato, o escolhido, quem pôs sua grana em seu nome receberá cinco vezes o que apostou.
Quem é esse escritor com tanto prestígio, a ponto de tanta gente estar arriscando seu sagrado dinheirinho em seu nome? É um poeta. E para os estudiosos de literatura e os amantes da boa poesia sequer é anônimo. Afinal, seus poemas já foram traduzidos para mais de 30 idiomas, inclusive, claro, o nosso. É fácil de encontrá-los na internet. É tido e havido como o maior poeta sueco da atualidade (muitos dizem que de toda a Europa).
Mesmo que não conquiste o Nobel, uma coisa fica clara entre os “palpiteiros” e, principalmente, entre os apostadores: os poetas estão em alta neste ano. Na Ladbrokes, além de Transtromer, os outros três mais apostados também se consagraram em seus países escrevendo poesia. O segundo colocado nas apostas é o polonês Adam Zagajewski, um pouco menos conhecido do que seu colega sueco, mas nada estranho para leitores europeus. Não conheço nenhum texto desse escritor, por isso não tenho como dar algum “pitaco” a propósito.
O terceiro colocado (bem como o quarto) igualmente é poeta. Trata-se do sul-coreano Ko Un. É, hoje, na sua especialidade, o mais renomado, traduzido e lido escritor asiático. Passou pelos horrores da Guerra da Coréia e assim que esta terminou, tornou-se monge budista. Permaneceu dez anos num monastério, que posteriormente abandonou, para se dedicar à literatura.
Adonis, por seu turno, é o pseudônimo do intelectual sírio Ali Ahmad Said Esber. É considerado, com justiça, o máximo expoente vivo da poesia árabe no mundo. Vive atualmente no Líbano e obteve a cidadania libanesa. Não tem livros publicados no Brasil, mas conta com cerca de vinte traduzidos para o espanhol.
O diretor da Ladbrokes, David Williams, crava seu palpite seco na vitória de Tomas Transtromer e justifica a razão. “Ele já é mencionado para o prêmio há muito tempo e sentimos que seu trabalho finalmente merece esse reconhecimento”, afirmou.
De qualquer forma, em no máximo duas semanas, saberemos se os apostadores londrinos têm, realmente, “faro” e se conseguem dar palpites certeiros sobre literatura e melhor do que os especialistas na matéria. Querem minha opinião? Pelo que tenho acompanhado nos últimos anos, o ganhador do Nobel de Literatura deste ano não será nenhum dos apontados. Será, no meu entender, um norte-americano. Qual? Aí vocês já querem demais!!!

Boa leitura.

O Editor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário