* Por Mariella Augusta
Para vocês ele tem esse nome de jornalista, nome húngaro. Desses bem sucedidos, desses bambambams. Pensei muito para escrever esta palavra e logo me veio a máxima antes de P e B só M se pode escrever. O Zé riria disso, se eu dissesse que escreveria. O Zé ri muito. Seu riso é o que tem de mais precioso Acho que nunca disse isso a ele. Direi numa de nossas noites de alegria ou de tédio. Ele é boa companhia para ambos. Bom, perdoem-me as digressões. Para mim ele é o Zé.
Com o Zé posso digredir. A menos que ele esteja com fome, ou vontade de dar uma volta; ou nadar. O Zé adora nadar. Ou ele tenha que ir ara o trabalho: nesse caso ele diz:-Não, é sério! O Zé leva a vida realmente a sério, a menos que uma piada lhe venha atropelando o ser. O Zé faz piadas a todo o tempo. Não é um paradoxo. Ou melhor é: o Zé é um paradoxo. Ele é uma alegria triste ou antes ele é um triste alegre.
Mesmo assim ele é um sujeito realizado. Não porque ganhe muito dinheiro, ou desfile com a Malu Mader, ou mesmo por uma realidade na vida do Zé, que é ganhar prêmios. Sim, o Zé ganha prêmios, ele é o único amigo meu que ganha prêmios. Ele é realizado porque ama a vida. Simplesmente. Ele seria realizado junto aos esquimós. Acho que ele não depende de nada. E isso para mim é o máximo da realização.
Já que ele ri muito seria desnecessário dizer que o Zé não chora. Eu só o vi chorando duas vezes: uma falando do Beethoven e a outra pela cachorrinha do Flávio que é cega. É que ele não via sentido numa cachorrinha cega...tanto horror junto a tanta inocência. E quanto ao Beethoven posso garantir-vos, não era de inveja!
Dizem por aí que o Zé às vezes é arrogante. Mas é mentira. Ele só tem orgulho de seus feitos, assim como Aquiles, o Dr. Frakeinstein, eu ou você. E o mais importante nisso tudo, é que ele nunca pega os méritos só para ele. Ele sabe admirar. E deuses, nesse mundo quem sabe?
Outra coisa que ele tem incrível é a absoluta falta de preconceitos. Talvez isso seja o que permite que seu riso seja o melhor. O Zé é sincero pacas!
O Zé entende de horóscopo, ensinou-me a ler tarô e assim ele vai cantando as mulheres. Mas ele sonha com o amor, como todo poeta. É que a sacanagem faz parte, pelo caminho.
Nós já fizemos um almoço de divórcio do Zé, a respeito do primeiro de seus cinco casamentos. Acho que ele tem um pouco do Vinícius nesse aspecto. Vai amar até morrer.
Tem outra coisa que me faz fã do Zé: ele é o maior apresentador de programas que eu já vi. Vocês já o viram? Eu nunca estou errada, assim como o Zé. Nós fazemos parte dessas pessoas que nunca estão erradas, a menos que nós mesmos provemos o contrário.
Ele toca um violão meio arranhado, que nem todo mineiro toca. Embora ele não seja das Minas Gerais ele é interestadual, porque o danado consegue ser ao mesmo tempo, de Brasília, de Porta Alegre e de São Paulo. Como? Eu não me lembro, mas consta nos anais e é verdade.
Ele canta e toca pra nós Tempo Perdido do Legião e às vezes eu choro. Ele sempre me faz rir ou chorar, é um perfeito dramático, perto dele a vida é dinâmica. Quando não há nada pra fazer ele inventa. Fizemos um trailler de filme uma vez e ficou muito bom, embora não houvesse filme, nem roteiro, nem platéia, nem sequer uma câmera.
O Zé é um sonhador e infelizmente eu acho que ele é o único. Mas Zé, fica tranqüilo porque seus sonhos são tão imensos que acabam esbarrando nas gentes. E Zé, tem mais uma coisa, vou tomar um verso do Robert Frost emprestado pra dizer o que eu quero: Permaneça dourado!
* Bacharel em Direito, mestranda da FFLCH (USP), escritora, autora de “O Fio de Cloto”, livro de contos prefaciado por Bruno Fregni Basseto, grande filólogo e vencedor do Prêmio Jabuti. Publicou crônicas no “Jornal das Artes” e artigos em várias revistas acadêmicas.
Muito gostoso esse texto, muito encantador esse Zé.
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