sábado, 22 de setembro de 2012

Mulher de plástico, homem de vidro

* Por Clóvis Campêlo

Amor é latifúndio, sexo é invasão.
Nem sempre a auto-crítica nos redime.
Nos textos e na vida.
Existem os erros de cálculo e os aparatos aparentes.
Não sou o que você queria que eu fosse.
Sou frágil, de vidro, refratário.
Nem mesmo sou o que eu queria que você pensasse que eu sou.
Sou o outro, o escondido, o antípoda de mim, o que nunca veio à tona.
Seu coração é de elástico, mulher fabricada em série, mulher de plástico.
Somos uma mistura heterogênea, impossível, inviável, concepção inconcebível.
Só mesmo a loucura da minha mente de vidro, transparente em suas piores intenções, poderia te ter criado.
Somos uma louca invenção, um amor impossível e ridículo como todos os grandes amores.
Você nunca existiu.
Eu sou um mito.


• Poeta, jornalista e radialista

Nenhum comentário:

Postar um comentário