
Chão
* Por Fabiana Bórgia
Acho que perdi a inspiração. Escrever não é apenas questão de treino, depende daquilo que te move.
Antes, eu escrevia como se estivesse esparramando a minha alma. Ultimamente, não sei onde ela se encontra. Faz tempo que não me perco. Há tempos não me acho. Mas eu existo.
Sigo uma rotina. Já reclamei tanto da rotina, e hoje eu a admiro. A rotina, que todos temem. Viver um dia após o outro com repetições.
Mas... e minha alma? Nunca vendi minha alma, nem meu coração. Por que estou vivendo neste excesso de equilíbrio? Será falta de opção, se eu escolhi exatamente isso? Eu, que sempre vivi de momentos. Eu, que nunca deixei que as emoções passassem em branco. Eu, que só escolhi o presente. O tempo todo. Eu, que sempre disse: "O que importa é o agora".
Acho que eu não sou mais eu. Eu sou outra. Alguém que eu estou descobrindo nesta noite chuvosa.
E o meu canto? E o meuuuuu canto? Meu lugar? Minha cama? Minha chama? Minha escrita?
Tenho sonhado tantos sonhos durante a noite... Tantas coisas ocultas me amanhecem e eu penso: "É melhor dormir mais um pouco, para resgatar." Acho que nunca sonhei tanto na vida. E dormindo. Acordada, em compensação, não ando sonhando mais nada. Ando apenas com os pés no chão. E meu chão vai muito bem, obrigada.
Se eu ando amando? Se eu ando comendo? Se eu ando sorrindo? Tudo junto. Mas sem a paixão que me anestesia. Sem medo. Aliás, coisa que eu desconheço (o medo). Eu, que era mulher de "sins". Hoje me preocupo muito com eles. Repito: e depois do sim?
Acho que perdi a inspiração, mas não a emoção. Só fico na angústia, que nem se chama angústia, na verdade, de um "talvez". Estou cavando, cavando, cavando. Cadê o meu poço? Disseram que havia água em algum lugar. Enquanto isso, caminho no deserto à minha procura, nem que seja para ter uma visão insana, ou uma miragem. De mim mesma.
• Escritora por vocação e advogada por formação. Paulista por natureza e carioca por estado de espírito. Engenheira de sonhos: alguém em eterna construção. Autora do livro “Traços de Personalidade”
* Por Fabiana Bórgia
Acho que perdi a inspiração. Escrever não é apenas questão de treino, depende daquilo que te move.
Antes, eu escrevia como se estivesse esparramando a minha alma. Ultimamente, não sei onde ela se encontra. Faz tempo que não me perco. Há tempos não me acho. Mas eu existo.
Sigo uma rotina. Já reclamei tanto da rotina, e hoje eu a admiro. A rotina, que todos temem. Viver um dia após o outro com repetições.
Mas... e minha alma? Nunca vendi minha alma, nem meu coração. Por que estou vivendo neste excesso de equilíbrio? Será falta de opção, se eu escolhi exatamente isso? Eu, que sempre vivi de momentos. Eu, que nunca deixei que as emoções passassem em branco. Eu, que só escolhi o presente. O tempo todo. Eu, que sempre disse: "O que importa é o agora".
Acho que eu não sou mais eu. Eu sou outra. Alguém que eu estou descobrindo nesta noite chuvosa.
E o meu canto? E o meuuuuu canto? Meu lugar? Minha cama? Minha chama? Minha escrita?
Tenho sonhado tantos sonhos durante a noite... Tantas coisas ocultas me amanhecem e eu penso: "É melhor dormir mais um pouco, para resgatar." Acho que nunca sonhei tanto na vida. E dormindo. Acordada, em compensação, não ando sonhando mais nada. Ando apenas com os pés no chão. E meu chão vai muito bem, obrigada.
Se eu ando amando? Se eu ando comendo? Se eu ando sorrindo? Tudo junto. Mas sem a paixão que me anestesia. Sem medo. Aliás, coisa que eu desconheço (o medo). Eu, que era mulher de "sins". Hoje me preocupo muito com eles. Repito: e depois do sim?
Acho que perdi a inspiração, mas não a emoção. Só fico na angústia, que nem se chama angústia, na verdade, de um "talvez". Estou cavando, cavando, cavando. Cadê o meu poço? Disseram que havia água em algum lugar. Enquanto isso, caminho no deserto à minha procura, nem que seja para ter uma visão insana, ou uma miragem. De mim mesma.
• Escritora por vocação e advogada por formação. Paulista por natureza e carioca por estado de espírito. Engenheira de sonhos: alguém em eterna construção. Autora do livro “Traços de Personalidade”
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