terça-feira, 27 de março de 2012









Medo



* Por Fabiana Bórgia

Ação e reação. Plantar e colher. Esta regra realmente é inviolável? Crer para ver. Ver para crer. Qual das duas hipóteses é real? E o que é a realidade? O sonho primeiro? Ou os pés no chão? Ou ambos?


Infinitas vezes nos encontramos em dilemas, em escolhas incertas. Será que estou indo para a direção correta? Será que realmente eu tenho livre arbítrio? Será que realmente eu preciso passar por isso?


Não raras vezes também repetimos os mesmos erros. Por puro medo de acertar. Ou talvez, de nem mais saber o que é acertar. Até onde nossa mente é capaz de nos sabotar?


Toda conquista pressupõe dois momentos: o medo e a coragem. Quando aprendemos a não ser dominados pelo medo,somos motivados pela coragem e seguimos. A coragem de não mais olhar para trás. Ou melhor: a coragem de olhar apenas para a frente. O que é bem diferente.


Medo. A palavra mais estática que conheço. Não acreditar em si mesmo. Deixar-se dominar por frustrações, por perdas, pela inércia. Simplesmente medo. A partir daí, todas as ideias que vêm posteriormente, ideias estas derivadas desta ideia maior, deste fantasma, que se chama medo, passam a fazer parte de pequenas atitudes. Atitudes pequenas que tomam proporções avassaladoras, porque nos impedem de seguir adiante. O que era simples ficou complexo. O que era complexo virou impossível. Mesmo?


Uns deixam para lá algumas expectativas. Para estes, não tentar é evitar a frustração. Outros acreditam que expectativas só podem gerar frustrações, que nada devemos esperar da vida, pois quem não tem nada a perder nada perde. Será?


Até que ponto vale a pena não esperar nada de alguém ou da própria vida? Até que ponto vale a pena construir o muro que nos separa dos outros? Até que ponto devemos evitar o amor por medo da solidão, do fracasso, da não realização? Até que ponto devemos nos testar?


Se a vida é uma doce ilusão, sim, pois todo mundo nasce e morre, então não há por que sentir medo. O medo, por si, já é outra ilusão. O fim é sempre o mesmo. Acontece que o caminho pode ser sempre diferente. E surpreendente.


Se a vida é do tamanho do sonho, que o sonho seja bom e intenso, ainda que não se tenha a certeza de que será duradouro. Pode ser. Pode não ser. Não temos controle.
E que, acima de tudo, valha a pena lutar por ele. No mais, eu não tenho resposta para nada.

• Escritora por vocação e advogada por formação. Paulista por natureza e carioca por estado de espírito. Engenheira de sonhos: alguém em eterna construção. Autora do livro “Traços de Personalidade”

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