O meu amor de ouro e prata
* Por Urda Alice Klueger
O meu amor é um homem de prata com um coração de ouro. Ele é todo macio e aconchegante, mesmo sendo de prata, minério que a gente imagina frio e sem a textura da carícia. Bem lá no começo ele foi diferente: era um menino feito de rosas, também assim macio e aconchegante como é hoje, mas ainda sem a prata, embora já tivesse nascido com o coração de ouro.
Como se fosse um ser humano comum, o meu amor também fez uma longa caminhada pela vida afora: foi um bebê no colo de uma mãe amorosa, gastou parte da infância a espiar os astros, foi menino de escola, foi calouro numa universidade, abriu-se ao sol como se abrem ao sol as flores dos algodoeiros, quando descobriu uma coisa maravilhosa chamada Amor, viveu, viajou, penou, aprendeu muitíssimas coisas – mas acho que por todo o tempo as pessoas não se deram conta do Ser Precioso que ele era, tão precioso que, ao contrário das outras pessoas, tinha batendo dentro do peito um coração feito do mais puro ouro, e que escondia nele ânsias e tremuras, como o coração de um passarinho! Será que é possível a gente juntar as duas coisas, as ânsias e as tremuras num coração de ouro, já que a gente costuma pensar em ouro como num metal frio e parado, sem capacidade de estremecer de ansiedade? Em se tratando do meu amor, dá para juntar, sim, pois seu coração de ouro é até volátil de tão macio, embora, mesmo volátil, jamais abandone ele aquele peito amplo e generoso onde é sua casa.
Ah! O peito do meu amor! Como a muralha de uma fortaleza, ele se vira para o mundo, forte o suficiente para absorver todos os dardos que talvez lhe sejam enviados, e ao mesmo tempo é de uma ternura tão protetora e cheia de calor que não há como ele deixar alguém se perder no frio da neve da falta de solidariedade, tão amplo que é capaz de abarcar toda a Humanidade! Imagino que sobre lá, também, um cantinho, um ninhozinho onde eu possa me abrigar ao menos na hora das atribulações!
E nessa combinação de ouro, maciez, calor e proteção, como é que veio a prata? É que o meu amor foi vivendo, foi vivendo, e um dia, enquanto olhava para ela, a Lua Cheia prestou atenção nele, e acolheu-o no seio dela como dileto filho que é. Já pensou ter um amor que é filho, também, da Lua Cheia? Pois foi ela quem viu o quanto ele era bonito, e meigo, verdadeiro Cavaleiro Andante a espalhar bálsamo no coração dos outros, e quis lhe dar o lenitivo da prata. Então, sobre seu tempo de rosas, ela usou de toda a doçura e da sua mais secreta tecelagem, e teceu nele aqueles fios de prata que fazem com que hoje ele resplandeça de beleza, raiado da mais macia prata, sendo que lá por dentro já tem o coração de ouro. Já pensou como é ter um amor assim?
Não sei se todo o mundo consegue ver toda a preciosidade desse meu amor! Às vezes as pessoas não gostam de ver os brilhos externos. Mas eu vejo, e gosto, e me banho na luz suave e brilhante que vem dele, e então a vida fica tão fascinante! Não é qualquer pessoa que tem um amor de Ouro e Prata, e que por baixo da prata é feito de rosas! Como poderia viver sem esse meu amor tão perfeito?
Não há o que se fazer além de se amar um amor assim!
• Escritora, historiadora e doutoranda em Geografia pela UFPR
* Por Urda Alice Klueger
O meu amor é um homem de prata com um coração de ouro. Ele é todo macio e aconchegante, mesmo sendo de prata, minério que a gente imagina frio e sem a textura da carícia. Bem lá no começo ele foi diferente: era um menino feito de rosas, também assim macio e aconchegante como é hoje, mas ainda sem a prata, embora já tivesse nascido com o coração de ouro.
Como se fosse um ser humano comum, o meu amor também fez uma longa caminhada pela vida afora: foi um bebê no colo de uma mãe amorosa, gastou parte da infância a espiar os astros, foi menino de escola, foi calouro numa universidade, abriu-se ao sol como se abrem ao sol as flores dos algodoeiros, quando descobriu uma coisa maravilhosa chamada Amor, viveu, viajou, penou, aprendeu muitíssimas coisas – mas acho que por todo o tempo as pessoas não se deram conta do Ser Precioso que ele era, tão precioso que, ao contrário das outras pessoas, tinha batendo dentro do peito um coração feito do mais puro ouro, e que escondia nele ânsias e tremuras, como o coração de um passarinho! Será que é possível a gente juntar as duas coisas, as ânsias e as tremuras num coração de ouro, já que a gente costuma pensar em ouro como num metal frio e parado, sem capacidade de estremecer de ansiedade? Em se tratando do meu amor, dá para juntar, sim, pois seu coração de ouro é até volátil de tão macio, embora, mesmo volátil, jamais abandone ele aquele peito amplo e generoso onde é sua casa.
Ah! O peito do meu amor! Como a muralha de uma fortaleza, ele se vira para o mundo, forte o suficiente para absorver todos os dardos que talvez lhe sejam enviados, e ao mesmo tempo é de uma ternura tão protetora e cheia de calor que não há como ele deixar alguém se perder no frio da neve da falta de solidariedade, tão amplo que é capaz de abarcar toda a Humanidade! Imagino que sobre lá, também, um cantinho, um ninhozinho onde eu possa me abrigar ao menos na hora das atribulações!
E nessa combinação de ouro, maciez, calor e proteção, como é que veio a prata? É que o meu amor foi vivendo, foi vivendo, e um dia, enquanto olhava para ela, a Lua Cheia prestou atenção nele, e acolheu-o no seio dela como dileto filho que é. Já pensou ter um amor que é filho, também, da Lua Cheia? Pois foi ela quem viu o quanto ele era bonito, e meigo, verdadeiro Cavaleiro Andante a espalhar bálsamo no coração dos outros, e quis lhe dar o lenitivo da prata. Então, sobre seu tempo de rosas, ela usou de toda a doçura e da sua mais secreta tecelagem, e teceu nele aqueles fios de prata que fazem com que hoje ele resplandeça de beleza, raiado da mais macia prata, sendo que lá por dentro já tem o coração de ouro. Já pensou como é ter um amor assim?
Não sei se todo o mundo consegue ver toda a preciosidade desse meu amor! Às vezes as pessoas não gostam de ver os brilhos externos. Mas eu vejo, e gosto, e me banho na luz suave e brilhante que vem dele, e então a vida fica tão fascinante! Não é qualquer pessoa que tem um amor de Ouro e Prata, e que por baixo da prata é feito de rosas! Como poderia viver sem esse meu amor tão perfeito?
Não há o que se fazer além de se amar um amor assim!
• Escritora, historiadora e doutoranda em Geografia pela UFPR
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