terça-feira, 8 de agosto de 2017

Desconhecidos

* Por Eduardo Oliveira Freire

Pela janela do quarto, esperava seu amado. Tinha paciência e não se importava com o tempo. 

Anos se passaram e o dragão que a guardava morreu de velhice e se tornou em uma montanha de ossos.

Um andarilho sem  rumo vagava por uma estrada e encontrou uma vereda escondida por uma densa vegetação. Não sabia a razão, mas, o atalho parecia familiar.

Encontrou um castelo em ruínas e uma montanha de ossos ao lado. Ouviu uma senhora lhe chamar pela janela da torre, convidava-o para entrar.

A idosa ao vê-lo correu e o beijou. O andarilho não se assustou, pressentiu que o encontro estava escrito. A desconhecida faleceu em seus braços e ele a enterrou com um afeto que nunca sentiu por ninguém.

Olhou ao redor e “só havia morte”, pensou. Entretanto, viu os animais caçando e a nutrir suas crias.  A vida continuava fluindo como um rio. Apanhou tudo que encontrou de valor e seguiu seu caminho.

Aproximou a mão no peito, para sentir o colar que tinha retirado da senhora. Pela primeira vez, não se sentiu sozinho. Transbordou-se de amor.


* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/



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