Música brasileira
* Por
Olavo Bilac
Tens, às vezes, o fogo soberano
do amor: encerras na cadência, acesa
em requebros e encantos de impureza,
todo o feitiço do pecado humano.
Mas, sobre essa volúpia, erra a tristeza
dos desertos, das matas e do oceano:
bárbara poracé, banzo africano,
e soluços de trova portuguesa.
És samba e jongo, xiba e fado, cujos
acordes são desejos e orfandades
de selvagens, cativos e marujos;
e em nostalgias e paixões consistentes,
lasciva dor, beijo de três saudades,
flor amorosa de três raças tristes.
*
Jornalista, contista, cronista e poeta do período literário parnasiano, membro
fundador da Academia Brasileira de Letras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário