terça-feira, 1 de novembro de 2016

A garota do trem de Paula Hawkins

* Por Eduardo Oliveira Freire


Pode não considerado um clássico da literatura mundial, mas, faz pensar na sociedade em que vivemos. Como nos iludimos com a superficialidade produzida pelo consumo em relação ao ideal de vida e família.

Meu objetivo não é fazer uma resenha e sim mostrar como por meio dos personagens podemos nos identificar com a dor e o abismo que todo ser humano carrega. Nesse ponto, o romance é visceral ao mostrar a face obscura da natureza humana que muitos não conseguem lidar, preferindo se refugiar nas superfícies das máscaras sociais, na bebida ou nas drogas gerais. A história mostra que o inconsciente sempre estará martelando a cabeça com a finalidade de mostrar que não adianta fugir.

Com uma narrativa simples, mas, não simplória, os personagens vão mostrando suas camadas mais profundas e evidenciando que nada é como parece ser. Inclusive, nos dias de hoje em que todos querem se mostrar felizes e bem resolvidos nas redes sociais. Será que são mesmo? Ou interpretam? Ou têm a ilusão que são felizes? É interessante observar como é importante mostrar o sucesso e isso é uma forma de insegurança, também. Se você for bem sucedido, não precisa se expor toda hora.

 Cada vez mais a sensação de estabilidade se desmancha no ar e, como o romance mostra, não adianta se refugiar no outro e viver uma fantasia. Se continuar, cairá ainda mais no poço e se sentirá em desencaixe com tudo e com todos.

Por isso, acho bacana não só ler A GAROTA NO TREM como puro entretenimento. Observe com a atenção e analise os personagens, os quais mostrarão muitas semelhanças com você e com os outros que passam por nossas vidas.

Outro fato que almejo dizer, fugindo um pouco do livro, é que muitas vezes nos preocupamos com a educação formal e acadêmica para arranjar um emprego. Todavia, esquecemos de cuidar do lado emocional e existencial. Quando terminei a leitura, refleti sobre essa questão. Como no romance e na vida real, os indivíduos deixam de cuidar da parte emocional e se transformam em bombas-relógios prestes a explodirem.

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/



Um comentário:

  1. Viajar no pensamento do outro é um privilégio que não abro mão, diariamente.

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