Porque
eu não procuro mais ninguém
* Por
Gustavo do Carmo
Há uns doze anos,
quando reclamava com uma colega de faculdade de publicidade que ninguém me
procurava, ela me deu um fora me perguntando:
— Você procura?
Na época, fiquei
completamente sem graça e apenas murmurei que sim. Ela duvidou, claro. E ainda
retrucou com um “Não procura nada”.
Para eu ter a atitude
de procurar alguém preciso ter a segurança de que serei bem recebido, sem
desculpas ou não ser tratado como um chato de galocha. Pois comigo acontece
exatamente isto.
Não vou contar
detalhes, mas alguns ex-colegas - inclusive quem eu considerava muito amigo -
davam desculpas de que estavam muito ocupados com o trabalho, enquanto sabiam
de tudo sobre os outros da turma. E eu cometia o erro de cobrar, insistir,
causando ainda mais constrangimento e inimizades.
Me sentia culpado de
cobrar, pois em algumas vezes eles estavam ocupados mesmo. Mas ao mesmo tempo
era cristalina a ausência de vontade de manter uma amizade comigo. Já me tornei
até persona non grata para eles. No
antigo Orkut nunca interagiam comigo. No Twitter nunca me procuram para seguir
e no Facebook já fui rejeitado por vários, com a desculpa presumida de que eu
os deletava no Orkut.
Hoje em dia falaria
tudo isso para essa ex-colega, de quem não tenho mais notícias e nunca foi
amiga, e ainda completava que só procuro quando me sinto bem-vindo. Detesto ser
inconveniente.
*
Jornalista e publicitário de formação e escritor de coração. Publicou o romance
“Notícias que Marcam” pela Giz Editorial (de São Paulo-SP) e a coletânea
“Indecisos - Entre outros contos”.
Bookess -
http://www.bookess.com/read/4103-indecisos-entre-outros-contos/ e
PerSe
-http://www.perse.com.br/novoprojetoperse/WF2_BookDetails.aspx?filesFolder=N1383616386310
Seu blog, “Tudo cultural” -
www.tudocultural.blogspot.com é bastante freqüentado por leitores
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