sábado, 16 de junho de 2012

Indispensável é comunicar

A informação – e, também,, sua respectiva comunicação, de sorte a torná-la pública e útil – é essencial ao homem. Foi para transmiti-la que se inventaram a linguagem (quer a oral e quer, principalmente, a escrita) e todos os meios de difusão existentes e imagináveis, como o livro, o jornal, o rádio, a televisão, o telégrafo, o telefone, o computador pessoal e a internet.

De que me vale conhecer algo se esse conhecimento não tiver nenhuma utilidade para mim ou para os que convivem comigo? De que me serve uma idéia se apenas eu a tiver, se não puder compartilhá-la com ninguém e, dessa forma, ninguém tome conhecimento dela? Será como se não existisse. Ela será estéril, inútil, vazia e sem sentido.

Não vivemos em compartimentos estanques. Jamais podemos prescindir de outros e, praticamente, para tudo. Não estamos sós no mundo (muito pelo contrário, temos a companhia de mais de sete bilhões de pessoas como nós, com as mesmas necessidades, mesmos sonhos e mesmíssimos desejos).

Por mais que isso incomode os individualistas, os anti-sociais, os prepotentes e os arrogantes, precisamos uns dos outros! E como!!!. Nossa vida depende de terceiros. Sós, não sobreviveríamos por uns míseros pares de dias, se tanto, já que, por maiores que sejam nossas habilidades, elas são e sempre serão insuficientes para atender “todas” nossas necessidades, mesmo as mínimas, as básicas, as fundamentais e imprescindíveis. Ninguém é absolutamente auto-suficiente. Mesmo que em graus diferentes, dependendo de quão habilidosos possamos ser, dependemos dos outros para sobreviver, a começar pelos nossos pais, que nos geram e dão a vida, além de sustentá-la e assegurá-la por um bom par de anos. .

A comunicação nos é essencial. Sem ela ninguém saberia não só o que pensamos e o que fazemos, mas o que queremos (ou não queremos), o que sentimos, do que precisamos e vai por aí afora. Quanto mais clara, objetiva e direta ela for, maiores serão nossas chances de termos as necessidades (essenciais ou mesmo supérfluas) e anseios atendidos.

Vocês já imaginaram a quantidade de informações gerada desde que o Homo Sapiens tomou consciência do que era e onde estava? É um volume tão grande que se torna impossível de quantificar. É certo que muitíssimas se perderam por uma série de razões dispensáveis de menção. Várias vêm sendo recuperadas, mesmo que parcialmente, por arqueólogos e outros estudiosos do passado. Outras tantas, porém, foram irremediavelmente perdidas, sem a menor chance de recuperação. Quantas? Quais? Obviamente é impossível de se saber. Só podemos especular a propósito, se não apenas imaginar.

Milhões de novas informações continuam sendo geradas diariamente, em progressão geométrica, parte das quais é comunicada e absorvida e parte fica à espera de entendimento, decodificação e respectiva divulgação. Afinal, agora temos mais de sete bilhões de mentes trabalhando. Contamos com mais de sete bilhões de indivíduos agindo, para o bem ou para o mal. Há mais de sete bilhões de seres pensantes que podem estar gerando notícias e conhecimentos (nem todos as geram, pelo menos não o tempo todo, óbvio).

Ao contrário do que acontecia há somente irrisórios dois ou três séculos (uma “ninharia” em termos históricos), hoje a humanidade dispõe não apenas de veículos eficientes, rápidos e práticos para a difusão de todo o tipo de informações, como também conta com disciplina apropriada que se propõe a ensinar profissionais a melhor difundi-lo: a ciência da Comunicação. Trata-se de um ramo relativamente novo do conhecimento, que tende a se consolidar e se aperfeiçoar.

O ilustre comunicador norte-americano, Raymond Nixon – que fundou, em 1957, a International Association for Media and Communication Research e foi, por vinte e cinco anos, editor do “Journalism Quartely”, a mais antiga publicação periódica no campo comunicacional, criada em 1924 – observou, em um dos seus tantos e lúcidos artigos: "A comunicação coletiva, seja considerada como ciência à parte ou simplesmente como um campo especial de estudo, desenvolveu um volume impressionante de conhecimentos, e as pesquisas efetuadas nos deram o caminho para tornar mais completos e mais fidedignos os ditos conhecimentos. O principal, depois de tudo, não é discernir se a comunicação coletiva é uma disciplina ou um campo de estudo, uma arte ou uma ciência, mas quanto e como mais rápido pode aperfeiçoar-se". E não só pode, como deve.

E como os escritores podem participar desse processo, de tornar a comunicação cada vez mais clara, direta, objetiva e ágil? Desenvolvendo um poder de observação mais aguçado do que o jornalista. Este, pela própria natureza da sua função, e dada a velocidade de geração das informações, não tem muito tempo para analisar o que e como vai informar. Já o escritor não enfrenta esse problema. Não está pressionado pelo relógio para executar seu trabalho. Tem condições, portanto, de “ver”, quer nos fatos, quer nas idéias, o que a maioria não consegue. Pelo menos é assim que deveria agir. Queiram ou não, admitam ou não, a Literatura é uma forma de comunicação e das mais nobres.

O romancista José Américo de Almeida, autor do clássico "A Bagaceira", indica como o escritor pode se destacar, desenvolvendo e aplicando a capacidade de observação: "Ver bem não é ver tudo: é ver o que os outros não vêem". Essa é uma capacidade que lhe é (ou deveria ser) inerente. E, como Abraham Maslow – psicólogo norte-americano, falecido em 1970, conhecido por sua “Proposta das Necessidades” – observou certa feita: "As capacidades clamam para serem utilizadas". Até porque, se não forem... não servirão, obviamente, para coisa alguma.

Boa leitura.

O Editor.

Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk

Um comentário:

  1. As grandes reportagens que ficaram na história foram escritas por escritores, mais do que por jornalistas.

    ResponderExcluir