quinta-feira, 10 de novembro de 2016

O transbordante vazio


* Por Gustavo Pilizari


Caíram exaustos combatidos pela vida demasiadamente oferecida...
Dormem e cantam hinos e odes aos esquecidos retratados em bolores sepulcrais...
Grilos estridulam...
Baleias bufam...
O cuco cucula...

Os homens fazem tudo... e até amaldiçoam tudo a sua volta...
As lápides foram erguidas e as arpas tiveram as cordas soltas para sufocar as dores dos moribundos...

Os palhaços eram felizes e, agora, neste mesmo momento, decidiram se demitir da vida... quem quer o nariz do palhaço?

Restam os homens...
As crianças decidiram parar de brincar no barro e de sujar a cara...
Os livros... os livros... alguém esqueceu a Biblioteca fechada...

A bailarina quebrou o dedo e decidiu parar com tudo porque já não tem plateia... a plateia decidiu não comparecer pois a bailarina deu a desculpa do dedo quebrado...
As pessoas são super felizes como nunca foram antes... são felizes frente a TV, junto a seus carros e etiquetas renomadas... As pessoas são felizes em mostrar que são felizes aos outros e nunca a elas mesmas...

A palavra sorriso foi retirada do Dicionário por falta de sentido...
Estão procurando humanos para se candidatarem ao cargo de humanos...
Há vagas para candidatos a vida...
Quem é este que está ao seu lado?


•      Jornalista, palestrante e mestrando em Comunicação pela Unimar

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