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Precisa-se de gente azul
* Por Fernando Yanmar Narciso
E lá se foi mais uma festa de Oscar... Quase todas as vezes que a academia fez que ia ouvir a “voz do povo”, acabamos enfiando a viola no saco. Os filmes projetados para lotar salas de cinema, ou seja, os que o mundo inteiro quer ver sendo premiados, vivem de abrir caminho para filmes dramáticos, “artísticos” e “intelectuais” que apenas o diretor, provavelmente a mãe dele e os críticos de cinema gostam.
Pensem só em todas as injustiças cometidas nos mais de 80 anos da festa só porque os candidatos a melhor filme que foram os favoritos da audiência eram considerados “comerciais demais”, sendo o maior caso de injustiça o ocorrido com Avatar em 2010.
Cada centímetro de película – se é que foi usada, cada pixel de computação gráfica, cada linha do roteiro bobinho e cada atuação engessada, tudo foi friamente pesado na balança arrogante de James Cameron para que o filme implorasse “OLHEM PRA MIM! EU SOU TÃO LINDO! SOU O MELHOR FILME DO ANO! NINGUÉM GANHA DE MIM! ME DÁ LOGO ESSA ESTATUETA QUE EU TENHO QUE IR PRA CASA!”. Ele participou de praticamente todas as categorias, e o que acontece? A maior bilheteria da história do cinema perde para Guerra Ao Terror, um filme de “ação” baratinho e descompromissado feito pela ex-mulher dele, do qual nem a própria deve se lembrar mais. É mole?
Por isso a Warner resolveu dar sinal verde para as “prequências” da trilogia Senhor dos Anéis a serem lançadas no fim desse ano e do que vem, estão desesperados para emplacar um novo Avatar como indicado nas próximas edições da premiação.
Assim como Garrincha, o cinema sempre foi a alegria do povo. Antes da TV se popularizar no mundo, havia quem passasse umas 8 horas diárias nas salas simples e calorentas daquele tempo, assistisse três filmes em sequência por uma mixaria e aqueles eram tempos felizes. De um lado, John Wayne e James Stewart dando tiro na cara dos índios, do outro Steve Reeves de tanga felpuda derrubando pilastras de isopor. De um lado Humphrey Bogart e Ingrid Bergman usando sobretudos debaixo do calor escaldante do deserto marroquino, do outro Judy Garland, Espantalho, Homem de Lata e o Leão pulando na estrada de tijolinhos amarelos.
Podem apostar que a Academia morre de saudades desses tempos de glória pois três dos filmes que concorriam ao Oscar deste ano se passavam na década de 1920, quando o grande público começava a descobrir as maravilhas da 7ª arte, sendo um deles, O Artista, o mais premiado da noite, inclusive em preto e branco e MUDO!
Esses críticos da Academia devem ser uns sujeitos muito amargurados... Incapazes de largar o osso e atender aos anseios de uma audiência que assumidamente não gosta de usar a cabeça enquanto se diverte, pois têm uma imagem pseudointelectual, aristocrática e segregada a zelar.
A lista de indicados a melhor filme desse ano conseguiu o inatingível patamar de ser mais insossa que a do ano passado. Desde que os irmãos Lumiére criaram a câmera de vídeo, nunca o prêmio mais cobiçado que pode ser concedido a um filme importou tão pouco para a audiência, e podem apostar que a situação vai ficar mais cabeluda no ano que vem, em 2014 e lá vai borrachinha.
Por que não param de mentir pra gente? Há muitos anos, depois que as cortinas se fecham, os premiados têm que devolver as estatuetas para serem usadas no próximo ano. Afinal, do jeito que todas as grandes tramas atuais, elogiadas por público e crítica, são encontradas exclusivamente nas TVs por assinatura, não há motivo para desperdiçar ouro e cobre com novas estatuetas todo ano. O cinema de verdade está morto há anos, tudo que fazemos atualmente é comer pipocas enquanto fazemos um tour pelo necrotério.
• Designer e colunista do Literário.
* Por Fernando Yanmar Narciso
E lá se foi mais uma festa de Oscar... Quase todas as vezes que a academia fez que ia ouvir a “voz do povo”, acabamos enfiando a viola no saco. Os filmes projetados para lotar salas de cinema, ou seja, os que o mundo inteiro quer ver sendo premiados, vivem de abrir caminho para filmes dramáticos, “artísticos” e “intelectuais” que apenas o diretor, provavelmente a mãe dele e os críticos de cinema gostam.
Pensem só em todas as injustiças cometidas nos mais de 80 anos da festa só porque os candidatos a melhor filme que foram os favoritos da audiência eram considerados “comerciais demais”, sendo o maior caso de injustiça o ocorrido com Avatar em 2010.
Cada centímetro de película – se é que foi usada, cada pixel de computação gráfica, cada linha do roteiro bobinho e cada atuação engessada, tudo foi friamente pesado na balança arrogante de James Cameron para que o filme implorasse “OLHEM PRA MIM! EU SOU TÃO LINDO! SOU O MELHOR FILME DO ANO! NINGUÉM GANHA DE MIM! ME DÁ LOGO ESSA ESTATUETA QUE EU TENHO QUE IR PRA CASA!”. Ele participou de praticamente todas as categorias, e o que acontece? A maior bilheteria da história do cinema perde para Guerra Ao Terror, um filme de “ação” baratinho e descompromissado feito pela ex-mulher dele, do qual nem a própria deve se lembrar mais. É mole?
Por isso a Warner resolveu dar sinal verde para as “prequências” da trilogia Senhor dos Anéis a serem lançadas no fim desse ano e do que vem, estão desesperados para emplacar um novo Avatar como indicado nas próximas edições da premiação.
Assim como Garrincha, o cinema sempre foi a alegria do povo. Antes da TV se popularizar no mundo, havia quem passasse umas 8 horas diárias nas salas simples e calorentas daquele tempo, assistisse três filmes em sequência por uma mixaria e aqueles eram tempos felizes. De um lado, John Wayne e James Stewart dando tiro na cara dos índios, do outro Steve Reeves de tanga felpuda derrubando pilastras de isopor. De um lado Humphrey Bogart e Ingrid Bergman usando sobretudos debaixo do calor escaldante do deserto marroquino, do outro Judy Garland, Espantalho, Homem de Lata e o Leão pulando na estrada de tijolinhos amarelos.
Podem apostar que a Academia morre de saudades desses tempos de glória pois três dos filmes que concorriam ao Oscar deste ano se passavam na década de 1920, quando o grande público começava a descobrir as maravilhas da 7ª arte, sendo um deles, O Artista, o mais premiado da noite, inclusive em preto e branco e MUDO!
Esses críticos da Academia devem ser uns sujeitos muito amargurados... Incapazes de largar o osso e atender aos anseios de uma audiência que assumidamente não gosta de usar a cabeça enquanto se diverte, pois têm uma imagem pseudointelectual, aristocrática e segregada a zelar.
A lista de indicados a melhor filme desse ano conseguiu o inatingível patamar de ser mais insossa que a do ano passado. Desde que os irmãos Lumiére criaram a câmera de vídeo, nunca o prêmio mais cobiçado que pode ser concedido a um filme importou tão pouco para a audiência, e podem apostar que a situação vai ficar mais cabeluda no ano que vem, em 2014 e lá vai borrachinha.
Por que não param de mentir pra gente? Há muitos anos, depois que as cortinas se fecham, os premiados têm que devolver as estatuetas para serem usadas no próximo ano. Afinal, do jeito que todas as grandes tramas atuais, elogiadas por público e crítica, são encontradas exclusivamente nas TVs por assinatura, não há motivo para desperdiçar ouro e cobre com novas estatuetas todo ano. O cinema de verdade está morto há anos, tudo que fazemos atualmente é comer pipocas enquanto fazemos um tour pelo necrotério.
• Designer e colunista do Literário.
Parabéns, Fernando, pelo seu aniversário. E, não somente isso. Parabéns, principalmente, pelo seu enorme talento e por mais este ótimo texto,que enriquece o Literário.
ResponderExcluirFeliz aniversário meu amor! Gostei muito das suas impressões sobre o Oscar deste ano.
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