quinta-feira, 26 de junho de 2014

A festa do futebol

* Por Clóvis Campêlo

Haja surpresas e decepções nessa Copa do Mundo. Dentro e fora do campo. Aqui no Recife, por exemplo, a prefeitura da cidade pisou na bola ao boicotar a festa. A cidade maurícia terminou por ser a sede menos animada e menos ornamentada, apesar das invasões de torcedores mexicanos e norte-americanos. Perdemos, assim, uma boa oportunidade de incrementar maiores lucros com os turistas amantes do futebol que por aqui chegaram.

Dentro de campo, a percepção de que o futebol da Península Ibérica entrou em um processo de decadência. Espanha e Portugal decepcionaram, notadamente a primeira, atual campeão do mundo e da Europa. A equipe envelheceu física e taticamente. Renovar será preciso.

Em termos de Copa do Mundo, considero a Espanha, juntamente com a Inglaterra e a França, como as grandes zebras das copas anteriores por elas vencidas. A Inglaterra, em 1966, vencendo a Alemanha com um gol duvidoso de Hurst, o qual até hoje é questionado. Curiosamente, na Copa do Mundo de 2010 a situação se repetiu, sendo, no entanto, anulado o gol inglês. Foi na Copa de 1966, aliás, que Portugal fez a sua melhor campanha, conquistando o terceiro lugar. Naquela época, integravam a seleção portuguesa jogadores nascidos em Moçambique, que era uma possessão portuguesa, como Eusébio e Coluna. Nunca mais, nem mesmo com Cristiano Ronaldo, os patrícios repetiram essa façanha no torneio.

Uma outra decepção para mim, na Copa 2014, tem sido os times africanos. Esperava muito mais, por exemplo, de seleções como Nigéria e Camarões. Os africanos estagnaram, mesmo tendo jogadores espalhados pelo mundo e jogando em grandes clubes. Se, em valores individuais, continuam nos impressionando, deixam-nos com a impressão de que involuíram no que tange às questões táticas, esquecendo de que o futebol é um esporte coletivo que pede um espírito de grupo.

Mas, por outro lado, seleções como Costa Rica e Colômbia surpreendem pelos bons valores individuais e pelo desempenho coletivo. São agradáveis surpresas. Vamos esperar que na fase do mata-mata continuem evoluindo e alcançando posições inéditas no futebol mundial.

No que tange à seleção brasileira, apenas no último jogo contra Camarões é que nos empolgou, parecendo redescobrir a leveza e a qualidade técnica que sempre marcaram o nosso futebol. Mas, vale a pena lembra que os camaronenses, já desclassificados, jogaram abertamente, cedendo para nós espaços valiosos e que foram bem aproveitados. A Canarinha pareceu que ainda não atingiu o ponto ideal. Se, porém, mantiver o nível da última atuação e continuar em um processo evolutivo, poderá se impor e atingir o objetivo, que é a conquista do hexacampeonato mundial.

Essa é a nossa esperança e a nossa vontade. Dentro de casa, não podemos e não devemos repetir o fiasco de 1950. Os deuses do futebol não nos devem repetir essa falseta. Só precisamos fazer a nossa parte.

Poeta, jornalista e radialista, blogs:




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