Modernidade de fato
O
mais recente livro da inglesa Lindsey Kelk, lançado no Brasil pela Editora
Fundamento, “Eu amo New York”, mesmo sendo um romance (alguns classificam-no
como novela, o que dá no mesmo e, portanto, é de ficção), suscita-me uma série
de reflexões que vão muito além do mero enredo. Nem todas (eu diria que raras) obras
do gênero se prestam a algo mais do que mero entretenimento. Confesso que estou cada vez mais apaixonado
pelos escritores da nova (quando não novíssima) geração, que chegam ao cenário
editorial com garra, inteligência, capacidade de observação e comunicabilidade,
de olho na conquista de seu espaço.
Claro que nem todos são geniais e talentosos, porquanto talento e criatividade
não são questões de sexo, raça, idade ou outros fatores quetais. São
características individuais e as pessoas as têm ou não, independente de tudo
isso.
Essa
jovem inglesa – nascida na cidade de Doncaster, região de South Yorkshire, em 3
de outubro de 1980, que está, portanto, com 33 anos de idade – tem, e utiliza, todos os ingredientes para
prender os leitores e oferecer-lhes algo mais do que uma boa história (o que já
é um lucro). No livro “Eu amo New York”, além de um enredo palpitante, oferece
descrições detalhadas e perfeitamente integradas no contexto, dos principais
pontos da “Big Apple”, que fascinam, sobretudo, os turistas. Não contente com
isso, fornece, no apêndice de seu romance, uma espécie de mini-guia dessa
fascinante metrópole, como hotéis, restaurantes, bares, lojas, padarias e
outros tantos locais do tipo, sem esquecer de indicar casas de espetáculo que
promovem excelentes baladas. Pudera! É jovem!
O
livro em questão é parte de uma série que tem, ainda (com títulos em inglês e
que devem tardar um pouquinho para chegar ao Brasil): “I heart Hollywood”, “I
heart Paris”, “I heart Vegas” e “I heart London”. Se tiverem os mesmos ingredientes
de “Eu amo New York” (acredito que tenham) serão, com certeza, best-sellers
também em nosso País, já que nos Estados Unidos e na Europa já são. Uma das
novidades que Lindsey Kelk apresenta – e que tanto cobro dos escritores
contemporâneos – é o fato dela caracterizar com perfeição nosso tempo, com os
avanços tecnológicos com que a modernidade nos brinda. Seus personagens usam
celulares de última geração, fazem selfues para postá-los nas redes sociais (como
o Facebook, Twitter, Instagram e demais), publicam textos em blogs e vai por aí
afora.
A
maioria dos escritores que li, ultimamente, ignoram esses elementos da vida
moderna. Seus personagens transitam em cidades que mais lembram burgos
medievais do que as barulhentas, tensas, violentas e poluídas metrópoles
contemporâneas, com suas vantagens e desvantagens. A personagem central, a
heroína da história, é Ângela, jovem londrina, de 26 anos, toda certinha e
convencional. Isso muda, todavia, quando a moça flagra o noivo com outra
mulher, em uma cerimônia de casamento de amigos. Claro que rompe, sem vacilar,
o relacionamento. Mas não se limita ao rompimento. Foge de Londres e vai para
New York, para não dar nenhuma chance de reconciliação.
Na
“Big Apple”, Ângela sofre uma metamorfose total. Muda o estilo de vestir, de se
pentear, de se comportar, de se divertir, enfim, torna-se, virtualmente, outra
pessoa, disposta a viver novas experiências. De cara, faz amizade com Jenny,
recepcionista do hotel em que se hospedou, que não tarda em se tornar sua
melhor amiga e guia para lhe mostrar, e lhe fazer usufruir, tudo o que a
cidade, paradigma da modernidade, tem a oferecer. Bem, mais do que isso, eu não
conto. Não sou estraga prazeres de nenhum leitor. Só acrescento que a “nova
Ângela” não só se entrega a novas aventuras novaiorquinas, como resolve
partilhar essas experiências com os leitores de um blog de uma revista famosa.
O mais, deixo por conta da sua imaginação. Ou, melhor, da aquisição e leitura
desse instigante livro.
Todos
(ou quase todos) nós temos cidades a que “amamos” e... outras tantas que
detestamos. Eu, por exemplo, caso fosse situar algum romance nas de minha
preferência, priorizaria, sem dúvida, Campinas (o que não é novidade para
nenhum dos meus leitores). Viriam, certamente, na sequência, pela ordem, Rio de
Janeiro, Recife e Curitiba. Quanto às que detesto, prefiro não citar nenhuma,
parz não ficar mal com nenhum dos seus moradores, que, eventualmente, as ame. E
você, caro leitor, como agiria nessa hipótese? Qual é a cidade que mais ama? Em
suma, o livro “Eu amo New York”, de Lindsey Kelk, faz jus à modernidade,
tratando da vida contemporânea da forma que ela realmente é, o que confere
verossimilhança à sua narrativa.
Boa
leitura.
O
Editor
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Escreveu bem, Pedro, mas não me despertou curiosidade. Esperemos. Estou muito chata hoje. Amanhã, quem sabe?
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