sexta-feira, 18 de abril de 2014

“A generosidade do sucesso”

*Por José Calvino

“O maior prazer de um homem
inteligente é bancar o idiota diante
do idiota que quer bancar o inteligente”
                    (Confúcio)
  
Um pouco repetitivo, pois já foi publicado aqui, numa das minha crônicas, o problema do autor independente e a  situação sócio-econômico e financeira do(a) escritor(a) - poeta. No meu caso, por exemplo, saí  pelo Brasil afora e vendi todos os meus livros. Infelizmente, o difícil é encontrá-los nas livrarias. Eu já comprei o meu próprio livro no Sebo do Recife por dois reais. Para a nossa decepção, uma delas: “Quem aqui compraria meu livro? Porque se ninguém vai comprar, nem vou me dar ao trabalho...” “Por favor votem nos meus ...” E por aí vai, e eu mesmo tive que sair vendendo o meu peixe. Lembrei-me  do Belizário Bezerra, personagem do livro Assassinatos na Academia Brasileira de Letras – Jô Soares, a diferença é que com muito humor, Jô conta que, por duas vezes, os acadêmicos   negaram-lhe aqueles tão cobiçados votos que o aclamariam como “Imortal”. Belizário, em sua fortuna, tinha  o sucesso de vendas dos livros creditado, em grande parte, ao próprio autor, que comprava várias edições por intermédio dos secretários e os mandava distribuir entre os empregados das suas herdades e usinas. Noventa por cento dos peões eram analfabetos...” É triste, mas é necessário que se diga o que vem acontecendo no meio cultural do nosso Brasil, sobretudo de nossa região, com grupinhos  futricando... Aconteceu com um homenageado, numa reunião de escritores e poetas. Um,  recebendo do orador - que faria a saudação - elogios incontáveis.

- Sentiram como ele foi generoso comigo?
- Ele foi apenas sincero – disse Azambujanra.

Recentemente, divulgando Jesus, fui mal interpretado por alguns religiosos e irreligiosos...
Bem, a humildade de saber ouvir, para mim, é uma das maiores virtudes de um artista (escritor). Mas, é bom salientar que me refiro às críticas construtivas e não certas picuinhas e disputas literárias, que vêm acontecendo em alguns grupos (já sai de três), com vergonha da pouca vergonha de pedir ajuda financeira, até pra comprar remédios caríssimos, quando  os governos federal, estadual e municipal não estão nem aí... E haja “generosidade”, nos pedidos para obter o sucesso almejado!!!



*Escritor, poeta e teatrólogo pernambucano.

Um comentário:

  1. Publicamos nossos livros (aqui em Montes Claros, 5 mil 300 exemplares) e arcamos com o prejuízo, alguns para ter voz, outros por vaidade. Cada um tem seus motivos. Não acho humilhação vendê-los honestamente, da maneira que for, mas comprar em lotes e distribui-los não é bonito não. Fez bem em denunciar, José Calvino.

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