Principais estrelas da
Copa
A Copa de 2014
caracteriza-se pela notável quantidade de gols marcados. No futuro, um
pesquisador mais desavisado, ao avaliar o histórico dessa competição, concluirá
que seu grande destaque foram os atacantes das 32 seleções participantes. Não
estará errado de todo. Afinal, há já vários Mundiais as redes não balançavam
tanto. Porém, por mais estranho que isso venha a soar daqui a alguns anos, os
que se destacaram, de fato, não foram os artilheiros, mas foram os goleiros. “Mas
como?!”, certamente perguntará, atônito, o eventual leitor do futuro, que venha
a ler esta minha observação.
Apesar da média
inusitada de gols, tivemos, somente, duas goleadas e nem tão contundentes
assim, não como algumas outras, ocorridas em Copas do Mundo anteriores. A maior
de todas foi a sofrida exatamente por quem não se imaginava que viesse a sofrer.
Foi a da seleção que veio ao Brasil para defender o título conquistado na
África do Sul. Ou seja, foi a então badalada Espanha. Os espanhóis estrearam na
competição levando na sacola acachapantes 5 a 1 da Holanda, num jogo em que até
saíram na frente no placar e em que fizeram um Primeiro Tempo muito bom. Coisas
do futebol. A segunda maior goleada de 2014 foi a aplicada pela Alemanha sobre
Portugal, de Cristiano Ronaldo, por 4 a 0.
Esses placares,
todavia, não se aproximaram nem de longe de históricas goleadas ocorridas em
outras Copas. Uma delas ocorreu em 1954, na Suíça. A vítima, naquela
oportunidade, por estranho que pareça, foi a seleção que na sequência se sagrou
campeã naquele ano. Foi a incrível vitória da Hungria, sobre a Alemanha, por 8
a 3. A “máquina” de fazer gols húngara contava com astros sensacionais, como
Puskas, Gento e tantos outros. Era favoritíssima ao título. Pois é, era. Na
final, cruzou com a mesma Alemanha, que havia goleado na fase classificatória,
mas... A Hungria foi derrotada, no jogo que não poderia perder. Em 2014, não
aconteceu nada disso. Para que o leitor tenha uma idéia, apenas nesse jogo de
1954 saíram mais gols (onze) do que todos os feitos pelo Brasil (dez) na atual
Copa.
Também não tivemos
nenhuma goleada nem de longe parecida com o 10 a 1 de 1982, na Espanha. E os
autores dessa façanha também foram os húngaros, que nem de longe tinham ainda
seleção remotamente parecida com a de 1954. A vítima da vez foi a fraquíssima
representação de El Salvador. O leitor mais perspicaz deve estar raciocinando: “Ora,
se mesmo sem ocorrerem goleadas exóticas, a média de gols em 2014 é das mais
altas da história, como se pode considerar os goleiros, e não os atacantes, os
personagens de destaque da competição?”. Pois foram eles. Aliás, se não
tivessem as brilhantes performances que tiveram, as redes seriam balançadas
muito mais vezes do que já foram.
Dos goleiros das 32 seleções,
apenas o da Rússia, Akinfeev, destoou. Outros podem até ter falhado em um gol
ou outro (o que é questão de opinião), mas o russo foi o único a sofrer um “frango”
clássico, daqueles de ficarem marcados para sempre, no empate da sua seleção
com a da Coréia do Sul, por 1 a 1. Em contrapartida, tivemos autênticos “paredões”,
que se mostraram intransponíveis e que fizeram defesas assombrosas, dessas
tidas e havidas como impossíveis. Não dá, sequer, para dizer qual foi o melhor
da Copa. Não, pelo menos, consensualmente. Entre os destaques, podemos citar,
por exemplo, o alemão Manuel Neuer. Ou o norte-americano Tim Howard, recordista
de defesas decisivas da história das copas. Ou o mexicano Ochoa. Ou o
costarriquenho Navas. Ou o nigeriano Enyeama. Ou o argelino Rais M’Boli. E podemos
desfiar nome após nome, todos com grande destaque e com atuações memoráveis.
Até goleiros contestados
pela imprensa dos respectivos países, como Romero, da Argentina, e Júlio César,
do Brasil, tiveram atuações muito além da média, da expectativa depositada
neles, garantindo vitórias para suas respectivas seleções. Como o leitor pode
ver, não há exagero algum em escolher atletas dessa posição como destaques da
Copa, Mesmo o espanhol Iker Casillas, autor de uma lambança incrível que
redundou num dos gols da Holanda, na histórica goleada de 5 a 1, se destacou
contra o Chile, com defesas fundamentais.
Tivemos, até mesmo,
coisas inusitadas, envolvendo goleiros. Uma delas foi a entrada do reserva
Krull, na Seleção da Holanda, que substituiu o titular Cilensem, no minuto
final da prorrogação, apenas para participar da decisão nas penalidades máximas
no jogo contra a surpreendente Costa Rica. Foi fato inédito em todas as copas
do mundo. E o goleirão holandês não decepcionou. Defendeu duas penalidades, as
que garantiram a classificação da sua seleção para as semifinais e se consagrou.
Por tudo isso, como não considerar os chamados “guarda-metas” os personagens do
Mundial de 2014, a despeito da excepcional média de gols registrada? Futebol é,
mesmo, um esporte estranho! E, também por essas estranhezas, é tão apaixonante.
Boa leitura.
O Editor
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk.
Por isso, esta será para sempre lembrada como a Copa das Copas.
ResponderExcluir