Desterro
* Por
Emanuel Medeiros Vieira
Desterro cumpriu-me
e cumpriu-se.
O rio começava atrás
de casa
(como eu),
e foi embora – afluentes.
O rio foi embora.
Casa demolida, mãe
na soleira da porta, pitanga no
quintal, regata na
Baía Sul, matracas, turíbulos, trapiche da
Praia de Fora, gaita-de-boca, groselha, tainha frita,
fogão de lenha,
beliches, pé de amora.
Perdeu-se o rio: não
sei do seu delta.
Perdi-me: tiro
certeiro na gaivota.
A rua pequena, era a
maior do mundo – coração.
Desterro inunda-me:
outrora/agora.
* Romancista,
contista, novelista e poeta catarinense, residente em Brasília, autor de livros
como “Olhos azuis – ao sul do efêmero”, “Cerrado desterro”, “Meus mortos
caminham comigo nos domingos de verão”, “Metônia” e “O homem que não amava
simpósios”, entre outros.
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