segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O que fazer

* Por Roberto Corrêa   

Há momentos na vida em que não sabemos o que fazer. Não deparamos pela frente nada que nos motive ou entusiasme. A rotina torna-se assustadoramente assintomática.

Gostaríamos de encontrar objetivos claros, como faça isso, faça aquilo, leia, estude, vá ao cinema, faça visitas ou faça compras, viaje, saia de férias etc. Quando você é jovem, com boa formação moral, momentos como esses são facilmente debelados porque a idade é fomentadora de ilusões, sonhos e confiança no futuro. Mas, na provecta idade ou em seu limiar, tais instantes são constrangedores porque nossos pensamentos se encontram vinculados a toda uma vida já vivida, ou seja, se usássemos expressão jurídica, para melhor facilitar a compreensão, diríamos que nos encontramos limitados ou bloqueados pela jurisprudência dominante.

E então constatamos, realmente, que nos achamos superados em muitos aspectos. Outros são os tempos, outros são os costumes. A dinâmica imposta pela modernidade só pode ser aceita pelos seus criadores e juvenis adeptos que - na uniformidade das idades-, admite tudo como válido e que os dissidentes é que se virem.

Sendo mais claro e exemplificando: no que diz respeito à informática, mundo dos computadores e da telefonia os idosos mais persistentes, a duras penas, tentam acompanhar as inovações tecnológicas cotidianas. Em compensação, de outro lado, constata-se estrondoso declínio no conhecimento do vernáculo e da simples aritmética, por parte da juventude, pois a maioria dos seus integrantes não escreve corretamente e não sabe fazer simples cálculos das quatro operações sem se utilizarem das calculadoras.

Com o progresso e a modernidade dos meios de comunicação verificou-se também assombroso desenvolvimento das inclinações negativas inerentes à espécie humana decaída pelo pecado, segundo a religião católica, predominante em nosso país.

Desenvolvimento tão exacerbado que ninguém mais se espanta, por exemplo, ao tomar conhecimento de assassinatos de pais pelos próprios filhos e filhos pelos próprios pais, ou dos, outrora inimaginados, crimes de pedofilia.

A afirmativa inicial retorna ao final da crônica e continua a nos inquietar. Todos, respondendo a si próprios, sabem o que precisa ser feito, quais as medidas a serem tomadas para surtirem efeito, etcetera e tal, mas não têm condições de se manifestarem e, se o conseguirem, não serão ouvidos porque as “forças ocultas” entram em ação e como predominam na sociedade laica contemporânea, impedem qualquer modificação das estruturas sociais dominantes.

Daí as fragorosas batalhas que se hão de travar, pois os cristãos jamais desistem dos seus ideais de luta, eis que, seguidores do Mestre, sempre têm presente a norma de conduta que Ele traçou: quem quiser me seguir, tome a sua cruz e siga-Me.
                                                                                      
* Roberto Corrêa é membro do Instituto dos Advogados de São Paulo, da Academia Campineira de Letras e Artes, do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico, de Campinas, além de diversos clubes cívicos e culturais, também  de Campinas. Formou-se pela Faculdade Paulista de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Fez pós-graduação em Direito Civil pela USP e se aposentou como Procurador do Estado. Dedica-se a escrever artigos ou crônicas sintéticas, bem ao gosto dos leitores dos dias atuais. Católico tradicional, procura encaixar conceitos da filosofia tomista que dignificam o homem, objetivando sua felicidade a partir deste conturbado mundo. É autor de vários livros, entre eles "Caminhos da Paz", "Direito Poético", "Vencendo Obstáculos", "Subjugar a Violência”,Breve Catálogo de Cultura e Curiosidades.



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