O que fazer
* Por Roberto Corrêa
Há
momentos na vida em que não sabemos o que fazer. Não deparamos pela frente nada
que nos motive ou entusiasme. A rotina torna-se assustadoramente assintomática.
Gostaríamos
de encontrar objetivos claros, como faça isso, faça aquilo, leia, estude, vá ao
cinema, faça visitas ou faça compras, viaje, saia de férias etc. Quando você é
jovem, com boa formação moral, momentos como esses são facilmente debelados
porque a idade é fomentadora de ilusões, sonhos e confiança no futuro. Mas, na
provecta idade ou em seu limiar, tais instantes são constrangedores porque
nossos pensamentos se encontram vinculados a toda uma vida já vivida, ou seja,
se usássemos expressão jurídica, para melhor facilitar a compreensão, diríamos
que nos encontramos limitados ou bloqueados pela jurisprudência dominante.
E
então constatamos, realmente, que nos achamos superados em muitos aspectos.
Outros são os tempos, outros são os costumes. A dinâmica imposta pela
modernidade só pode ser aceita pelos seus criadores e juvenis adeptos que - na
uniformidade das idades-, admite tudo como válido e que os dissidentes é que se
virem.
Sendo
mais claro e exemplificando: no que diz respeito à informática, mundo dos
computadores e da telefonia os idosos mais persistentes, a duras penas, tentam
acompanhar as inovações tecnológicas cotidianas. Em compensação, de outro lado,
constata-se estrondoso declínio no conhecimento do vernáculo e da simples
aritmética, por parte da juventude, pois a maioria dos seus integrantes não
escreve corretamente e não sabe fazer simples cálculos das quatro operações sem
se utilizarem das calculadoras.
Com
o progresso e a modernidade dos meios de comunicação verificou-se também
assombroso desenvolvimento das inclinações negativas inerentes à espécie humana
decaída pelo pecado, segundo a religião católica, predominante em nosso país.
Desenvolvimento
tão exacerbado que ninguém mais se espanta, por exemplo, ao tomar conhecimento
de assassinatos de pais pelos próprios filhos e filhos pelos próprios pais, ou
dos, outrora inimaginados, crimes de pedofilia.
A
afirmativa inicial retorna ao final da crônica e continua a nos inquietar.
Todos, respondendo a si próprios, sabem o que precisa ser feito, quais as
medidas a serem tomadas para surtirem efeito, etcetera e tal, mas não têm
condições de se manifestarem e, se o conseguirem, não serão ouvidos porque as
“forças ocultas” entram em ação e como predominam na sociedade laica
contemporânea, impedem qualquer modificação das estruturas sociais dominantes.
Daí
as fragorosas batalhas que se hão de travar, pois os cristãos jamais desistem
dos seus ideais de luta, eis que, seguidores do Mestre, sempre têm presente a
norma de conduta que Ele traçou: quem quiser me seguir, tome a sua cruz e
siga-Me.
* Roberto Corrêa é membro do Instituto dos Advogados de São
Paulo, da Academia Campineira de Letras e Artes, do Instituto Histórico,
Geográfico e Genealógico, de Campinas, além de diversos clubes cívicos e
culturais, também de Campinas. Formou-se
pela Faculdade Paulista de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo. Fez pós-graduação em Direito Civil pela USP e se aposentou como
Procurador do Estado. Dedica-se a escrever artigos ou crônicas sintéticas,
bem ao gosto dos leitores dos dias atuais. Católico tradicional, procura
encaixar conceitos da filosofia tomista que dignificam o homem, objetivando sua
felicidade a partir deste conturbado mundo. É autor de vários livros, entre
eles "Caminhos da Paz", "Direito Poético", "Vencendo
Obstáculos", "Subjugar a Violência”,Breve Catálogo de Cultura e
Curiosidades.
Nenhum comentário:
Postar um comentário