quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A noite

* Por Carmo Vasconcelos

A noite
sempre a noite…
Traz-me de ti
os cheiros e as palavras
que tento olvidar…
E nas paredes nuas
põe teu gesto
que me afaga como luas
os seios e o sexo
num incesto
de almas gêmeas
impedidas de se amar

A noite
sempre a noite…
Acende no silêncio mais profundo
os teus lumes e sons
de enfeitiçar…
Cegam-me de luz
os olhos teus
e ébria me deixa a tua voz
a prometer-me o mundo…

E fundo, muito fundo
pela mão da falsa noite
eu deixo-te entrar

* Poetisa portuguesa


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