Lara e o Anjo
* Por
Evelyne Furtado
Lara amava tanto que
sua vida variava de acordo com ir e vir do seu coração. Era dessas mulheres que
viam o mundo pelas lentes do amor.
Acordava, comia,
trabalhava, conversava e sonhava amando. Intensa, sensual e afetuosa, era
quando bem amada, dócil e agradável. Mas se brincassem com seus sentimentos, se
visse ameaças ao seu relacionamento, ela se transformava numa mulher
desconfiada, agressiva e quase histérica.
Essa mudança de humor
tinha suas razões para existir. O amor era o motivo mais forte em sua vida. Seu
bem mais precioso. Assim, Lara levava a vida se protegendo. Brincando de amar,
mas sem se entregar de verdade. Não arriscava perder seu tesouro; a fonte de
sua energia.
Houve uma fase na vida,
quando se recuperava de uma decepção que ela se sentia desconfortável ao
simples olhar de um homem no carro ao lado.
Lara vivia com medo de
se machucar, mas também não podia se fechar tanto para vida, pois havia muito
afeto, ternura em profusão e intenso desejo adormecido em seu âmago. Trancar-se
a qualquer contato, era perder um pouco da vida e o instinto de sobrevivência a
alertava.
A saída foi ir se
relacionando superficialmente. Deixando-se seduzir, mas sem apostar nas
relações. Ela não amava: ela gostava da companhia.O amor estava latente e Lara
seguia sem ter coragem de se entregar.Havia momentos de melancolia e até de
desesperança.
Não valia à pena viver
sem amar, mas o que fazer se a força do amor também poderia destruí-la?
Foi se livrando da dor
, vivendo pelas bordas e livrando-se da solidão daqui e dali, até que em uma
noite seu Anjo se fez presente e resgatou a vontade de amar. A atração que ele
emanava era tanta que ela não reagiu. Confiou nele desde o primeiro contato e
em pouco tempo ela não tinha dúvidas de que aquele homem tinha sido enviado por
Deus para lhe fazer feliz. Era um anjo; o seu anjo.
De repente, Lara falava
“eu te amo” para ele, que até poucos dias ela nem conhecia. Esse feito foi
comemorado, pois a frase estava ali, pronta para sair há muito tempo, barrada
pelo medo, pela angústia e principalmente pela inexistência de alguém que a
merecesse.
Assim Lara renasceu
para o amor e para vida. A felicidade se instalou no instante em que ela se
sentiu amada. Amava e era amada, isso dava cor nova à vida e tudo passava a ter
sentido.
Por isso, ela vira
bruxa quando pressente qualquer ameaça ao seu amor. Ele, um Anjo, que a faz
vibrar a um toque, um beijo, um olhar, não poderia decepcioná-la, pois ela só
vibra assim, de corpo e alma com ele a quem ama e admira.
Lara, pisa em nuvens ou
em cacos de vidro, dependendo de como vai a sua relação com seu amor. Lara
feliz é uma fada boa. Lara magoada é a bruxa feia e assustadora. Eu só gosto de
conviver com a fada, a outra prefiro nem ver.
* Poetisa
e cronista de Natal/RN
Comportamento algo bipolar. Adorei a frase: " Não valia à pena viver sem amar, mas o que fazer se a força do amor também poderia destruí-la?" Nós somos um pouco Laura também.
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