segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Único poema

* Por Alberto Cohen 
 
Meu único poema está dentro de mim.
Sei que é definitivo e possui a magia
das coisas que não foram ditas ou sonhadas,
mas aguardam apenas sonhos e palavras
que tenham o condão de, enfim, desencantá-las.
 
Muito maior que eu, meu único poema
é doce e feroz como um beijo e uma facada,
tem aquele recato do primeiro amor
e a devassidão dos ímpios lupanares.
Arcanjo protetor, demônio às gargalhadas.
 
Não será meu, jamais, meu único poema.
Mora no coração e a mente é tão pequena
que não pode abrigar a sua infinitude.
Impaciente, ele espera o fim do tempo
para afinal voar, liberto da clausura.


* Poeta e escritor paraense


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