domingo, 1 de julho de 2012

Limonada suíça

* Por Sandra Tolfo

Sentada em um bar em Blumenau, na tentativa de espantar o calor, pedi uma limonada suíça. O sabor dessa bebida remeteu-me à Bolívia em um minuto, ao primeiro gole.

Vi-me frente aos vendedores, carregando dentro de baldes, garrafas cheias de um líquido claro, quase transparente. Ouvi suas vozes altas, potentes, anunciando em som claro: “Limonada, limonada”.

Quando ouvi a primeira vez a palavra limonada, pensei na minha casa. “Eis algo que conheço” – pensei – “bebida brasileira, refrescante”. Pedi. Queria sentir um sabor conhecido naquelas terras distantes.

Surpreendi-me, pois a limonada boliviana é diferente da nossa. É, sem dúvidas, a melhor que já bebi.

Não sei a que atribuir o sabor diferenciado. Talvez à magia das terras bolivianas e seus habitantes doces e de olhares profundos; talvez ao simples fato de ser preparada com uma espécie de limão que eu não conheça; talvez, talvez.

Aqui sentada na noite quente de Blumenau, bebendo minha limonada, senti profundamente o que minha mente já sabia que não será mais possível para eu beber uma limonada, em qualquer parte do mundo, sem remeter-me instantaneamente à Bolívia, com seus cheiros, cores e sabores especiais.

As pessoas me olham de forma estranha, por certo estão pensando que sou uma maluca sorrindo para meu copo de limonada. Eu me divirto, pois sei o motivo do meu sorriso. Sorrio para ti, Bolívia. Sorrio para tua força, para a resistência de teu povo, de teus heróis.

Sorrio para ti, Bolívia! Sorrio para ti.

• Escritora e diretora da Editora Hemisfério Sul Ltda.

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