sexta-feira, 27 de julho de 2012

Amor ideal


* Por Verônica Aroucha

De repente meu subconsciente adentrou-se pelo teu por solos imagináveis. Eram quase existentes.

Mas a mentira era verdade. Eras então meu pai, tão reservado, eu simplesmente tua mãe. Ávida de ti; precisava sempre olhar teus olhos para sentir que estavas bem.

Nossos espelhos se fundiram. E olhamos um para o outro; pais e filhos em pleno resgate milenar.

E queria tanto ouvir dos lábios do meu pai o quanto ele me queria bem. Sem nunca escutar.

Mas, eu como sempre mãe, dizia a toda hora, no vazio de todos os segundos o quanto te amava e se um pedaço de mim se ia cansado, envelhecido, esse outro meu lado aqui ficava.

E dizer de novo como se fosse ainda meu lindo bebê: cuide com carinho porque os meus olhos são os mesmos a te seguir pelos caminhos. Velam por ti.

O espelho do físico se partiu diante da dor da ausência.

Agradeço as palavras que nunca ouvi, porque aprendi a ler a voz do teu coração: dorme querida; só um pouco de sono. Meus braços abertos esperam. Descansa tua dor.

Essa voz suave que nasceu de mim, como se fosse um filho.

Adormecendo temporariamente a mulher e o homem que nasceram para a unicidade.

• Poetisa

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