terça-feira, 22 de maio de 2012

Enquanto chove


* Por Evelyne Furtado


Gotas escorrem na janela e para além desta há um céu estranhamente acinzentado. Chove na cidade onde fez um calor medonho nos primeiros meses do ano. Tem um livro nas mãos e o aconchego do quarto. Mas o pensamento se insurge contra a quietude e foge em formas, cores, sensações.

A imaginação é rainha dispondo das leis do tempo e do espaço. Ao seu comando todos os muros são derrubados; todas as fronteiras apagadas. Calendários são rasgados. Tudo aqui e agora!

Um belo dia de sol ou uma noite enluarada. A tarde, pode até ser uma promissora madrugada. Pés descalços na areia da praia. Pedras de uma cidade antiga. A voz mais bonita ecoa e a vida faz coro.

Risos soltos. Sentidos em festa ou mesmo o repouso após a satisfação. Nessa dimensão chocolate quente não engorda. Brigadeiro também não. Tudo pode. Outro olhar através da janela e a mulher acorda. Aquieta-se. Ainda chove.

• Poetisa cronista de Natal/RN

2 comentários:

  1. Realmente a imaginação tudo pode... através da sua, magestosamente verbalizada, agucei a minha e senti a areia sob meus pés, assim como o sabor do chocolate na língua...
    Abraços!

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  2. Quando estamos libertos, a imaginação corre levando-nos a qualquer lugar.
    Destaco: "A tarde, pode até ser uma promissora madrugada."
    Bom viajar nas sua palavras, Evelyne.

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