segunda-feira, 21 de maio de 2012

Como explicar?


* Por Angélica Almstadter



Como explicar essa agonia permanente
Essa busca incessante por um abraço
Essa sensação eminente
De não ter um ombro...um laço
Onde contabilizo minhas conquistas
Em que parte dessa trilha
Perdi a estrada e as pistas
Da vida que em mim fervilha

Como justificar o gesto carente
O escrever tão denso
O comportamento quase adolescente
A mania de dizer tudo que penso
Como me desculpar por essa angústia
Essa quase monotonia
De querer sustentar a astúcia
Me escondendo atrás da melancolia

Em que hora abracei a solidão
E deixei o cansaço me tomar
Talvez tenha enterrado meu coração
Esquecido o gosto de amar
Como entender essa vontade louca
De mastigar versos convulsivamente
Apertar as palavras na boca
Soltar as emoções como louca
E me derramar tão solenemente

Como controlar essa ansiedade
Se ela me assalta noite e dia
Enche os minhas horas de saudade
Me faz sentir a cama vazia

Já não fujo dos meus desejos
Aceito-os todos placidamente
Algumas vezes amanso-os nos solfejos
Ou deságuo-os mansamente
Nas minhas linhas insinuantes

Como não versejar de forma abundante
Se já não me lembro como era antes
Só sei que trago o peito desatinado
As esperanças todas partidas
O traçado desalinhado
De tantas idas e vindas

Como explicar o que foge a razão
Se me perdi nas torrentes, mares e rios
Nos sentimentos em profusão
Caminhando entre delírios e desvarios
Como explicar esse veia que ferve
Essa fuga constante da realidade
A lucidez invadida pela verve
Como marca de personalidade


• Poetisa

Um comentário:

  1. Não se explica, disfarçamos
    os sentimentos em poesia e
    tudo fica mais fácil.
    Abraços

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