Inexpressão
* Por Pedro J. Bondaczuk
Há algo vibrando no
ar.
Poema? Soluço?
Canção?
Há algo vibrando no
ar.
E agita os pilares
velhos
da minha arcaica
emoção.
E quer brotar,
como uma flor
na Primavera,
como sangue
em veias
secionadas,
como o sol,
em todas as manhãs.
Há algo vibrando no
ar.
Anseio? Desejo?
Intuição?
Há algo vibrando no
ar,
como cordas de
violino,
notas perdidas de
piano,
folhas soltas ao
léu,
afinado diapasão.
Há algo vibrando no
ar
lutando para viver,
e se fazer
concreto,
ganhar forma e cor
e se espraiar
em ondas de
ternura,
na suprema ventura
do amor
correspondido.
Vibra no ar algo
estranho,
poderoso,
desconhecido!
Idéia? Paixão?
Saudade?
Na terra em que
repousar
este triste
versejador,
vão brotar
flores... muitas,
milhares de flores...
brancas... azuis...
amarelas...
vermelhas... todas
as cores.
Vão brotar
infinitas flores,
em indefinidos
albores,
na saga do tempo
que se expressa dia
a dia,
em meu frígido
jazigo,
em pétalas
delicadas, sutis.
Vão brotar
harmonias,
metros delicados e
raros,
rimas inspiradas e
caras,
de encantos
inexprimíveis:
São os versos que
não escrevi!
Pois há algo
vibrando no ar,
que procura se
manifestar,
mas que não consigo
exprimir...
* Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio
Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor
do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico
de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos
livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos),
além de “Lance Fatal” (contos) e “Cronos & Narciso” (crônicas). Blog “O
Escrevinhador” – http://pedrobondaczuk.blogspot.com.
Twitter:@bondaczuk
Talvez não tenha conseguido se exprimir da maneira exata, mas que falou bastante sobre o tema, isso você conseguiu.
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