Piada de português
* Por Daniel Santos
Em recente visita a Santa Teresa,
centenário bairro do Rio de Janeiro onde amigos da faculdade e eu formamos uma
república no início dos anos 70, procurei pelo “seu” Antônio da Arara, mas
havia já falecido!
Apesar de previsível, porque
quase octogenário naquela época, a notícia da morte me chocou. Primeiro,
porque, português dos bons tempos, daqueles que ainda usavam tamancos, sabia
ser generoso como ninguém.
Tinha uma vendinha no Largo das
Neves, à rua Progresso, bem ao lado de minha casa, onde cuidava de uma arara
para atrair fregueses. Pois, conseguiu firmar-se como comerciante e tornar-se
figura folclórica local.
Isso lhe deu certa
representatividade, e foi graças a ela que naqueles anos de chumbo denunciou à Polícia Militar um certo veículo
estacionado no Largo, repleto de fuzis e metralhadoras. A PM acorreu e fez o
cerco.
Não eram assaltantes, mas agentes
do DOPS que se
preparavam para prender “comunistas”. Polícia contra polícia – pastelão
clássico ... que fez Santa Teresa gargalhar, graças ao para sempre saudoso
Antônio da Arara.
* Jornalista carioca. Trabalhou como repórter e redator nas sucursais de
"O Estado de São Paulo" e da "Folha de São Paulo", no Rio
de Janeiro, além de "O Globo". Publicou "A filha imperfeita"
(poesia, 1995, Editora Arte de Ler) e "Pássaros da mesma gaiola"
(contos, 2002, Editora Bruxedo). Com o romance "Ma negresse", ganhou
da Biblioteca Nacional uma bolsa para obras em fase de conclusão, em 2001.
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