Chute forte
* Por
Mouzar Benedito
Zeca, o pescador e
caçador que garante nunca ter contado uma mentira em toda a vida, um dia
assistia a uma discussão no Bar Esportiva Nova Resende, sobre quem tinha o
chute mais forte em toda a história do futebol da cidade. Uns diziam que era o
Celinho, que jogava na Esportiva e mudou-se para Juruaia. Era beque de esperta,
e os tiros de meta que batia atravessavam o campo e caíam atrás do gol
adversário. Outros diziam que era o Toniquinho, e havia quem defendesse o Zé
Leopoldo…
No meio da discussão,
Zeca, que estava calado até essa altura, resolveu entrar na conversa e todo
mundo se calou, sabendo que quando ele tinha sempre alguma coisa “inédita” pra
contar (e quem é que tinha coragem de chamar suas histórias de mentira?).
— Não é nenhum desses
aí. O chute mais forte que já teve aqui era o do Tião Folheiro.
— Como é que o senhor
sabe? — provocou o Alcindo.
— Rá! Eu era menino
quando reinauguraram o campo da Esportiva, que foi aplainado, acabando com a
inclinação. Foi aí que sobrou aquele barranco atrás do gol de cima. Fiquei
sentado no barranco, bem atrás do gol, e vi o primeiro pênalti batido nesse campo
novo, pelo Tião Folheiro. Sabe o que aconteceu?
— Nunca ouvi falar!
— A bola enterrou um
metro e meio no barranco!
Livro Serra, Mar e Bar
Jornalista
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