Apenas um dia
* Por
Eduardo Oliveira Freire
Parecia um dia comum
como qualquer outro, senti a luz do sol no rosto. Fui tomar banho e me arrumei
para ir ao trabalho. De repente, percebi um silêncio, cadê todo mundo?
Estou só na casa e isso
é raro acontecer. Quando fui sair de casa, Foca me avançou. Achei estranho,
sempre foi uma cadela mansa. Fugi e tranquei o portão.
Ao caminhar, percebi
olhares ameaçadores e não entendia o motivo. Um carro invadiu a calçada e veio
à minha direção. A multidão gritava: "Acaba com ele!".
Desesperado, corri para
casa de novo, Foca não estava mais lá. Vi meu pai na cozinha e contei o
acontecido. Ele disse que ia fazer um chá de cidreira para me acalmar.
Meus pensamentos
estavam caóticos e me deu uma vontade descomunal de beber água. Quando fui à
cozinha, vi meu pai colocando um pó estranho na xícara de chá, perguntei-lhe o
que era aquilo, ele pegou uma faca e veio para cima de mim. Lutamos até eu dar
uma rasteira nele e consegui pegar a faca.
Novamente fui para rua
e, do nada, grupos me perseguiam com porretes. Perguntava-me por que aquela
gente me atacava se não fiz nada? Para fugir, entrei em vielas e dobrei
esquinas que nem sabia que existiam na cidade. Queria encontrar um refúgio,
então, olhei uma pipa branca no céu e cortava o céu como se fosse um pássaro,
resolvi segui-la.
Corri muita até chegar
num bosque, a pipa havia sumido. Escutei
a voz de uma jovem, dizendo olá. Fiquei com medo de ser uma armadilha, mas ela
me disse que o que estava passando iria acabar logo, durava só um dia.
Quis saber mais, porém
argumentou que o importante era me salvar. Falou que me ajudaria, não tive
escolha e me lancei ao abismo com ela. Na verdade, ela me levou ao seu chalé,
que era repleto de objetos antigos e delicados.
Conversamos sobre tudo
e fomos nos aproximando e nem percebemos a noite surgir pela janela. Depois,
transamos pela madrugada adentro. Quando amanheceu, acordei com um bilhete:
"Pode ir. Só sinto desejo por homens perseguidos".
Fui embora e ninguém me
atacou na cidade. Entretanto, vi um
homem ser perseguido por um monte de gente. Tomara que encontre a pipa branca e
a moça que me ajudou.
* Formado em Ciências Sociais, especialização
em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
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