domingo, 8 de junho de 2014

Inverno

* Por Miguel Angel Astúrias

Em súplica de vento, sem cautela,
fui atrás de ti, mulher ; em minha presença
transportado por luz azul de estrela
de sentido em sentido até a ausência.

Atravessaste, além, os egoismos
que em silêncio de lágrimas desvelo,
após abismos justapondo abismos,
em minha imensa solidão de gelo.

Como uma aranha grande a chuva tece
com água e vento suas teias móveis.
Que serão, amanhã, quando ela cesse ?

Superfícies de vida sem quebranto,
como serão meus olhos, quando imóveis
tenham chorado já todo o meu pranto ?


Tradução: Sólon Borges dos Reis 


* Escritor e diplomata guatemaltecio

Nenhum comentário:

Postar um comentário