Inverno
* Por
Miguel Angel Astúrias
Em súplica de vento, sem cautela,
fui atrás de ti, mulher ; em minha presença
transportado por luz azul de estrela
de sentido em sentido até a ausência.
Atravessaste, além, os egoismos
que em silêncio de lágrimas desvelo,
após abismos justapondo abismos,
em minha imensa solidão de gelo.
Como uma aranha grande a chuva tece
com água e vento suas teias móveis.
Que serão, amanhã, quando ela cesse ?
Superfícies de vida sem quebranto,
como serão meus olhos, quando imóveis
tenham chorado já todo o meu pranto ?
Tradução: Sólon Borges dos Reis
* Escritor
e diplomata guatemaltecio
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