Cem homenagens aos cem anos da
Professora Yvonne Silveira
* Por Mara Narciso
Desde o dia 30 de dezembro de 2013
foram programadas e estão acontecendo homenagens no ano do centenário de Dona
Yvonne Silveira. Assim que os festejos começaram, de pé, com voz firme, ela diz
não é merecedora de honrarias. Conduzida
pelo vice-presidente da Academia Montesclarense de Letras Wanderlino Arruda, a
grande dama da intelectualidade montes-clarense, a eterna Presidente da Casa de
Yvonne Silveira, o codinome da já citada academia, postou-se à mesa de honra,
seguindo o cerimonial coordenado pela acadêmica Glorinha Mameluque. Era o dia
27 de março e a homenagem fora organizada pela Academia Feminina de Letras de
Montes Claros, entidade da qual é mentora.
Pertencente ao Conservatório de Música
Lorenzo Fernandez o Coral Waldir Pereira entoou o Hino a Montes Claros cuja
letra é da homenageada e a música da maestrina Clarice Sarmento. O grupo
cresceu em número, reverberou nas entranhas do Elos Clube, e emocionou Dona
Yvonne, que não pôde conter as lágrimas.
Então, Ivana Ferrante Rebello, fazendo
uso dos seus atributos capacidade, talento e inteligência, inventa uma fala tão
magnética, que causa o efeito de plateia hipnotizada. Conta a relação
professora e aluna que se dava entre ela e Dona Yvonne, que lecionava Literatura
na Fafil, a Faculdade de Filosofia. Não tenho como esmiuçar a memória e trazer
as palavras de Ivana, apenas o bem estar que a lembrança delas me faz.
Mencionou que a mestra trazia a liberdade para suas aulas, pois abria portas,
escancarava janelas, mostrava o lado lúdico da escrita bonita que se esconde
nos livros. Um ensinamento feliz. E tudo em cima do salto alto, o lado feminino
não esquecido por Ivana, doutora em Literatura.
A poetisa Karla Celene Campos
apresentou um conto de amor, a história de Dona Yvonne, acontecida no Brejo das
Almas, hoje Francisco Sá. Era uma menina de 14 anos, filha do farmacêutico que
conheceu seu pretendente, apaixonou-se, casou-se e viveram juntos 76 anos. Usou
fortes imagens poéticas para enfatizar a grandeza daquele amor. Quando ficou
viúva, naturalmente entristecida pela ausência do seu amado, não perdeu a
doçura, emanando de si uma voz suave e um leve sorriso, com a aparência de quem
acaba de sair do banho.
A também acadêmica Mary Lelis declamou
um poema de sua autoria, a pedido da homenageada. Então o Coral Waldir Pereira,
regido pelo maestro William Leal, que se empolgou e até cantou, voltou à
ribalta executando mais duas músicas escolhidas pela confreira Maria do Carmo
Veloso, integrante do grupo. Novas e reforçadas emoções tomaram seu lugar na
casa.
No Dia Internacional da Mulher a Placa
Yvonne Silveira, criada pela artista plástica Ângela Vera de Castro é oferecida
a uma mulher que tenha brilhado naquele ano, e desta vez, embora redundante,
tal placa foi oferecida a Dona Yvonne Silveira, que, após receber flores de
Evany Calábria, presidente da Academia Feminina de Letras, agradeceu, referindo
sua falta de mérito.
Respeitando seus cem anos, peço licença
para discordar. O poder transformador de quem ensina é o maior de todos. O
professor bem preparado, que se empenha em ensinar, amplia e multiplica tal
poder que adquire efeito incontrolável. Entre os seus merecimentos está o mais
prático: ela não apenas transformou, ela revolucionou boa parte dos seus
alunos, incutindo-lhes o gosto pelos livros, criando neles a necessidade de
saber, e com isso alterou mentes, histórias e realidades. Professor e livros:
quem mais tem essa força? Diante da generosidade da professora Dona Yvonne
Silveira, seus ex-alunos a agradecem por ter sido grande em suas vidas e
operado maravilhas. Quem faz isso, e ainda por cima é uma das mulheres, junto a
Amelina Chaves, que faz parte do hermético grupo da Academia Maçônica de Letras
do Norte de Minas merece não uma festa, mas uma centena, uma para cada ano de
vida, mais outra para cada ano de magistério, ocasião em que pôde fazer e fez
deslumbramentos. O seu trabalho não se vê e nem se mede, mas os
efeitos observados são perenes.
*Médica
endocrinologista, jornalista profissional, membro da Academia Feminina de
Letras e do Instituto Histórico e Geográfico, ambos de Montes Claros e autora
do livro “Segurando a Hiperatividade”
Bela e merecida homenagem, Mara. A julgar pelo seu texto, dona Yvonne é uma grande figura humana. Parabéns a você e a ela.
ResponderExcluir♫ ♫ ♫ A lucidez e o espírito crítico dela impressionam, Marcelo.
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