O estrangeiro que há em mim
* Por
Alexandre Vicente
Saí de casa muito cedo.
Fui aluno de uma escola militar em Barbacena, município de Minas Gerais. Lá
comecei a aprender a viver com os diferentes Brasis e suas diversidades. E como
aprendi! Fiz amizades que duram até os dias de hoje – quase 30 anos.
Quando fui para esta
escola, tinha como meta vir servir no Rio de Janeiro, meu lugar de origem e
para mim o melhor lugar para se viver. Ao longo desses anos, a grande lição que
aprendi é que todo lugar tem seu carisma. Tem seu encanto. Basta olhar com
carinho e você verá. Quando chegamos a qualquer cidade, precisamos estar
atentos às pequenas sutilezas que tornam aquele cantinho um mundo especial… Com
sua própria sedução, sotaque, trejeitos, manias… É fácil quando estamos a
passeio, mas o melhor é quando temos a oportunidade de trabalhar, conviver com
as pessoas e viver uma rotina.
Não discuto o valor do
Rio, pois foi onde nasci e onde está a maior parte de minha família. Mas
aprendi a não compará-lo a nenhum outro lugar, pois não há o que se comparar.
Seria como compararmos amigos. Todos tem seus encantos especiais e seus
defeitos, o que nos cabe é aproveitar o
bom de cada um deles e respeitar as possíveis
arestas que não se encaixam em nós (ou, em última análise, não nos
encaixamos neles). Você só será
estrangeiro, se portar-se como tal. Existem estrangeiros vivendo no mesmo lugar
onde nasceram e viveram a vida toda, simplesmente porque ser estrangeiro é
permanecer alheio aos encantos que cada lugar tem para oferecer.
Abrace sua cidade e
respire seu ar o tanto que puder, mas se a vida lhe apresentar oportunidades de
viver novas experiências, não se prive. Não seja um estrangeiro. Receba sua
nova casa e viva intensamente o que ela tem a oferecer.
* Escritor
carioca
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