Como uma ONDA
* Por
Evelyne Furtado
Encontro-me só.
Recentemente recebo a melancolia ao entardecer. Ela vem e se instala. Faz o que
a melancolia costuma fazer. Sinto-me só. Sinto falta de alguém. Tenho vontade
de chorar. E choro. Lembro seu olhar que muitas vezes não consegui decifrar,
mas me bastava nele mergulhar, para me sentir viva. Ouço o canto dos pássaros,
alheios a esse desconfortável estado de espírito no qual me encontro. Um bonito
coral. Oferecerei um café a visitante. Eu adoro café, quem sabe ela também
gosta. Mas e se ela passar a me visitar com mais freqüência só pelo cafezinho?
Pensarei no assunto. Lembrei de uma música de Lulu Santos, ou melhor "da
música", pois todo mundo conhece Como Uma Onda (Zen Surfismo):
”.Tudo
muda o tempo todo.
No
mundo.
Não
adianta fugir.
Nem
mentir pra si mesmo agora,
Há
tanta vida lá fora.
Aqui
dentro sempre.
Como
uma onda no mar"
É mais ou menos assim
que me sinto. Há muita gente lá fora. Alguns eu convidaria a entrar. Há muita
gente aqui dentro também que, talvez me fizessem melhor se saíssem de vez.
Porém, eu me apego às pessoas boas que gostam de mim.
Por enquanto, estamos
eu, a melancolia e um coração cheio de amor e saudade. É assim a vida a Lulu
Santos: " Nada do que foi será do jeito que já foi um dia. Tudo passa.
Tudo sempre passará". De repente ela, a Sra. Melancolia, vai embora e a
alegria volta a me acompanhar. É o que espero para já.
* Poetisa
e cronista de Natal/RN
A melancolia não costuma ser obediente. Atender ela até atende, porém no tempo da nossa saudade.
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