In Memoriam
* Por
Nikolai Marchuk
I
Pela eternidade a semente brotará
-- rompendo a lápide fria da tumba,
espalhando os seus galhos floridos.
E, então, o coração responderá...
Gemem flautas, choram salgueiros
em lágrimas sucumbem os jardins,
arquivos cobrem-se empoeirados --
apagam-s os passos. -- Por que?..
Infelizmente, as coisas acontecem,
enquanto, silenciando, o povo sofre.
-- Um vivo, a outro vivo, cova entalha;
depois, mete-lhe a bala. Amortalha!
Não reconhecem ideais de outrem!
-- Alma dos outros é tão estranha...
Por terras, glórias mil se diluiram --
fontes do saber e livros destruiram.
Esvairam-se em sangue... Nossos
espaços, não medidos, borrifaram!
Memórias apenas e, tão somente,
nos deixaram. Estas não mataram!
O mundo branco continua sua vida.
Com toda nossa força, preservado!
E, caso possa uma oração a quem
se dedicar, a bétula será lembrada.
II
Eram milhões, durante os dias e durante as noites;
passado um ano, não os terá contado todos. Tantos!
Em terra úmida, seus gritos se contorcem doidos --
justiça clamam, aos que ficaram. Em vão tombaram?
Do estéril e baldio gulag, ouviram-se os gritos
inúteis
-- distantes, perdidos... Movendo-se a passos
traidos.
Pesadelo de um sonho que, qual uma estrela caida,
dos céus os horizontes -- os seus extremos
singrou!..
Das minas de carvão dos Urais, das terras de Comi,
as vozes nos chegam, pedindo a nossa atenção!..
Não consigo afinar os ouvidos ao tom. Será nominal
ou será de bemóis, sustenidos?.. Haverá diapasão?
Mas, também eu já fui perseguido. Pueril, já
sofri...
Conheci o inferno da morte -- pilhas de defuntos eu
vi!
Meus parentes, vizinhos e muitos, que mais adorava,
por entre os escombros humanos, perdidos senti.
* Poeta
ucraniano
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