O pacto em perigo
* Por
Alexandre Vicente
Assistimos de perto que
ele está bem vivo. Finalmente o “monstro da lagoa emergiu”*. Por vezes se falou
que era apenas uma lenda. Coisa de um
passado distante, história da Carochinha, mas ao contrário do que muitos
pensavam e gostariam, ele espreitava como um cão de guarda o ladrão que entra
no galinheiro e não consegue sair com as aves na mão. “A porca de tão gorda, já não anda”* e o
”cheirinho de alecrim”* infestou o ar tupiniquim.
O pacto esteve em
questão. Foi testado e ameaçou aqueles,
que há alguns anos vem nos usurpando. Metendo a mão nos nossos bolsos, como se
fossemos crianças indefesas. Pelo bem do pacto, por vezes ele tem que aparecer
e mostrar aos que têm nosso poder nas mãos (concedido por um contrato de
confiança) que não podem simplesmente se lambuzar.
O grande Leviatã tem
braços longos e vai te alcançar mesmo que você tente se esconder num cantinho
escuro do seu quarto. Esse gigante momesco tomou os horários nobres de todas as
emissoras e por ser grandão, torna-se, por vezes, meio estabanado, desajeitado
e quebra algumas coisas. Por isso é sempre aconselhável deixá-lo em paz. Não o
provoquem! Não sabemos até que ponto podemos irritá-lo e uma vez de pé, tudo
pode virar pó. Inclusive o pacto. O que não é bom para os indivíduos mas pode o
ser para o gigante. Até que coloque as coisas nos trilhos outra vez.
Por ora o pacto está
mantido mas ouça este conselho: se você tem em suas mãos parte deste poder
concedido, faça bom uso dele. Não provoque o Leviatã. Sua mão é pesada e você
pode ser esmagado sem direito a apelação, pois quando está de pé, os direitos
não passam de finos véus de seda. Ele é irascível contra os que o provocam.
Entretanto, mesmo de pé, ainda há tempo. Ponha a mão na consciência e faça o
que é certo. Podemos acalmá-lo e ele voltará a sentar como um grande guardião
do pacto. Não tente manipulá-lo com retóricas ardilosas. O gigante perceberá e
não poupará nem mesmo os inocentes, pois uma vez de pé, só Deus sabe do que é
capaz.
Escritor
carioca
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